Lisboa – Nos últimos dias, a embaixadora de Angola em Lisboa, Maria de Jesus dos Reis Ferreira, tem sido acompanhada nas suas deslocações por cinco seguranças pessoais, levantando suspeitas de que esteja observar algum momento de intranquilidade.
Fonte: Club-k.net
Na última quinta-feira (13), a embaixadora, que também é brigadeiro na reserva, visitou a Basílica da Estrela em Lisboa para prestar condolências à família do falecido Primeiro Ministro Fernando França Van-Dunem. A sua presença não passou despercebida, já que estava acompanhada por cinco guarda-costas: dois à direita, dois à esquerda e um atrás.
Não há informações de que a vida da embaixadora esteja em risco na capital portuguesa. No entanto, nos últimos meses, ela tem estado envolvida em polêmicas e tensões que podem justificar o reforço da sua segurança pessoal.
De acordo com fontes do Club-K, a Embaixadora Maria de Jesus Ferreira, é contestada pelos funcionários da embaixada, que a acusam de racismo. As acusações se intensificaram quando decidiu aumentar o salário de funcionários mestiços, deixando de fora aqueles de pele mais escura.
Há igualmente um clima de tensão com a cônsul geral em Lisboa, Vigência Ferreira Morais de Brito. Durante um evento de confraternização organizado pela Embaixada no dia 26 de abril, durante a visita do Presidente João Lourenço a Lisboa, a embaixadora não permitiu que a cônsul se sentasse na mesa presidencial, colocando-a numa mesa com um grupo de pastores convidados.
Maria de Jesus Ferreira também tem sido criticada por empregar na embaixada a esposa do único filho de sua relação com o veterano almirante Antônio de Carvalho "Toca". A nora portuguesa, Tânia Patrícia dos Santos Gonçalves de Carvalho, recebe um salário de 5000 euros e outros privilégios não concedidos aos demais funcionários. O recrutamento da nora tem gerado tensões adicionais entre a embaixadora e os funcionários, que a acusam de ser "racista" e "chefe autoritária".
No dia 27 de maio, a Embaixadora boicotou as celebrações do aniversário do Dia da África organizadas pela comunidade diplomática africana em Lisboa, alegando que não participaria se os organizadores também convidassem a jornalista e socióloga Luzia Moniz, a quem a embaixadora acusou, através de uma nota verbal (Nº 218/BEM.ANG.PT-SP01/24), de estar envolvida em "ativismo contra a mais alta magistratura e governo da República de Angola, legitimamente eleito, cujos artigos são públicos".
Devido ao relacionamento difícil com a cônsul em Lisboa, Maria de Jesus Ferreira recorreu a dois diplomatas (o adido de defesa coronel José Paulo Issuamo Moutinho Abranches e a Consul no Porto, Dulce Gomes) para produzirem um artigo em formato de "carta de recomendação", destacando as suas qualidades como "boa diplomata, boa chefe e boa pessoa". Esta carta de recomendação visa justificar perante a comunidade diplomática em Portugal a perseguição contra a socióloga Luzia Moniz, alegando que isso tem atrapalhado o seu trabalho. Em privado, a embaixadora considera inaceitável que Luzia Moniz seja a única angolana presente em algumas recepções diplomáticas recepcionadas por outras embaixadas em Lisboa.
De acordo com investigações, poderão ter sido estas tensões têm levado a embaixadora Maria de Jesus Ferreira a reforçar a sua segurança pessoal em Portugal. Os seus antecessores normalmente se deslocavam apenas com um motorista e um assistente de campo.
Diplomata de carreira, Maria de Jesus dos Reis Ferreira que é brigadeiro na reserva das Forças Armadas Angolanas, trabalhou nos anos 90, no Ministério da Defesa, onde colaborou com o então coronel João Manuel Gonçalves Lourenço. Desde então tornou-se muito ligada ao agora casal presidencial.