Luanda - João Lourenço deu um sinal erradíssimo aos jovens dos Comités de Acção do Partido (CAP) quando disse que um jovem de apenas 37 anos chegou a Presidente da República logo, qualquer militante pode chegar tão longe. A demagogia tem limites e não vale tudo para desencadear uma “vaga de fundo” apoiando o líder, na sua cruzada contra camaradas que não abdicam de pensar e criticar.
Fonte: Club-k.net
O estudante liceal José Eduardo dos Santos, aos 16 anos, foi eleito pelos seus colegas “chefe de turma”. Num tempo em que a maioria negra era excluída e segregada, este facto é importantíssimo. O mesmo Zé Eduardo além de líder era um desportista de excepção. Os estudantes mais novos viam nele um ídolo no futebol mas também no basquetebol. Com 16 anos, José Eduardo dos Santos aderiu ao MPLA.O movimento tinha pouco tempo de vida mas acolhia todas e todos que queriam lutar pela Independência Nacional.
José Eduardo dos Santos era um dos melhores alunos do Liceu Salvador Correia. Mas sabia que tinha de ir para Portugal se quisesse prosseguir os estudos. No seu tempo ainda não existia Ensino Superior em Angola. Tinha dois caminhos: Concluir o sétimo ano da “alínea F” (Ciências) e depois concorrer a funcionário da Fazenda (Finanças), Alfândega, Laboratório de Engenharia ou Serviços Meteorológicos e fazer uma carreira de funcionário público. Ou ir para Portugal fazer estudos superiores. Escolheu a via dos excepcionais. Saiu da zona de conforto e juntou-se à guerrilha do MPLA. Optou pela liberdade.
A direcção do MPLA viu em José Eduardo dos Santos um jovem com qualidades excepcionais e enviou-o para a União Soviética, onde concluiu o curso superior de Engenharia. Começou a trabalhar e ao mesmo tempo desenvolvia a sua militância no movimento. Participou na Luta Armada de Libertação Nacional. Em 1974, a direcção do MPLA deu-lhe a responsabilidade de comandar a Frente Norte. Após o fracassado Congresso de Lusaka foi eleito para o Comité Central e o Bureau Político do MPLA. Já tinha 14 anos de militância activa!
Antes da sua eleição para a direcção do movimento, em 1974 acompanhou Agostinho Neto nas suas acções diplomáticas em vários países da Europa e no Canadá. Desde então tornou-se num dos mais próximos do líder. Sempre ao seu lado.
Após o falecimento do primeiro Presidente da República Popular de Angola, José Eduardo dos Santos foi escolhido pelos seus pares para substituí-lo. Ele disse que foi uma “substituição necessária”. Mas foi uma substituição anunciada. Quando Agostinho Neto partiu para Moscovo, deixou-o no seu lugar, por decreto. O Bureau Político do MPLA apenas confirmou a vontade e decisão escrita do Presidente Neto.
José Eduardo dos Santos quando ascendeu ao cargo de Presidente da República já tinha 20 anos de militância activa no MPLA. Ele aderiu ao movimento quando a organização não tinha qualquer poder. Não tinha tachos para dar. Não tinha cofres cheios de dinheiro para distribuir. Não tinha sequer a sua direcção em Angola. Os seus membros mais destacados estavam presos ou no exílio. Naqueles anos, aderir ao MPLA era um acto de coragem e acrisolado amor à Mamã Angola. Para aderir ao MPLA era preciso amar a Liberdade e a Dignidade acima de tudo. José Eduardo aderiu.
Os jovens de hoje só conseguem adquirir a experiência e os conhecimentos que José Eduardo dos Santos tinha os 37 anos, quanto tiverem pelo menos 60 e se forem excepcionais como ele era! As circunstâncias também são outras. É mais fácil ser do MPLA. No tempo de José Eduardo dos Santos, aderir ao MPLA era um acto de extrema coragem. Significava pôr em risco a liberdade e a vida. Hoje não há qualquer risco. E se o militante bajular João Lourenço pode ir a ministro ou sucedâneo.
Os falsários usam um truque que costuma pegar. Falam do MPLA de 1962 como se fosse o de hoje. Falam do Poder Judicial de 1977 como se fosse o de hoje. Comparam a luta pelo poder em 1962, quando Agostinho Neto derrotou Viriato da Criz nas eleições para a direcção do movimento como se fosse o MPLA de hoje.
Falsários! Em 1962 o MPLA era uma organização revolucionária que optou pela luta armada. Clandestina. Não era um clube de convívio onde cada um entrava e saía quando lhe apetecia. Quem entrava tinha de lutar até à morte. Se saía cometia o crime de traição e deserção. Tinha de pagar por esses crimes. Eram as regras do jogo. Hoje entra quem quer, sai quem quer e tudo bem.
Os falsários comparam a Revolta Activa com a Revolta do Leste, quando a dissidência de Daniel Chipenda aconteceu antes do 25 de Abril de 1974, em plena luta armada (traição e deserção), e a dissidência de Gentil Viana aconteceu depois da queda do regime colonialista e fascista de Lisboa. Muitos aderentes até já estavam afastados do MPLA.
“Historiadores” que publicaram as suas falsificações com dinheiro do MPLA (em alguns casos directamente, outros por baixo da messa) são hoje reconhecidos como a “versão oficial”. Criadagem ao serviço do estado terrorista mais perigoso do mundo ou do George Soros foi condecorada e premiada por João Lourenço. Sinais errados. Confusão indescritível. Tiroteio nutrido nos próprios pés. Exemplo recente. O ministro Adão de Almeida foi à Indonésia defender o estreitamento das relações Sul-Sul. Ao mesmo tempo Angola participa no AFRICOM!
O 27 de Maio de 1977 foi um golpe de estado militar contra o Povo Angolano. Contra a Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Os golpistas serviram-se do MPLA para mobilizarem apoiantes. Foi um golpe de estado militar contra o MPLA! Não façam confusões, limitem-se ao repugnante negócio das ossadas.
A última falsificação tem um título interrogativo: “O que são os mais velhos?” O escriba ao serviço de João Lourenço ofende gravemente dirigentes do MPLA do passado. Diz que esses mais velhos do MPLA “são os mais novos que durante décadas levaram o país à ruína e à corrupção, que, entretanto, envelheceram e perderam o poder, felizmente. Agora, querem voltar”. A facilidade com que os escribas a soldo disparam para os pés, se tivessem cabeça era uma tragédia. Estavam todos mortos.
Ao escriba insultuoso quero dizer que João Lourenço foi dirigente de topo do MPLA nos últimos 37 anos, a idade com que José Eduardo dos Santos chegou à Presidência da República. Fez parte do governo dos “corruptos”. Foi deputado durante muitos anos, eleito nas listas do partido dirigido pelos “corruptos” entre os quais ele. Tem 70 anos. Um jovenzinho!
A Primeira-Dama da República frequentou o poder, como ministra e outros altos cargos nos últimos 37 anos. Foi repetente no governo dos “corruptos”. Tem 67 risonhas primaveras. Em 2027 sai com 70 aninhos. Uma menina. Abaixo os velhos!
Agora os bandidos da política e os bajuladores do chefe são todos “politólogos” ou “sociólogos”. Um tal David Boio escreveu que a maka no MPLA não é entre autoritários e democratas mas entre autoritários e autoritários. Se isto fosse longinquamente parecido com a verdade, coitado do Boio. Caía-lhe o último “o” e virava Boi no Espeto. Desde que lhes cheire a restos dos diamantes de sangue, dizem tudo, escrevem tudo, rastejam aos pés de todos os que paguem. Pobres diabos.
Hoje a criadagem começou a especular sobre o estado de saúde do Presidente João Lourenço. Espero que este seja o sinal definitivo para mandar calar os escribas que arregimentou para atacar camaradas e companheiros de luta. O filho de enfermeiro só chegou onde está porque os Mais Velhos do MPLA lhe abriram o caminho a ferro e fogo. Levaram-no às costas. Sem o MPLA e os seus heroicos combatentes, João Lourenço era mais um entre milhões que esgravatam desesperadamente para terem na mesa o funji nosso de cada dia.
Pensando bem, João Lourenço tem hipótese de ir a um terceiro mandato presidencial. Candidata-se a líder da UNITA e avança para as eleições de 2027, como cabeça de lista do Galo Negro. Se alguém se opuser é fraude! Depois repetem o assalto ao poder de 1992. Eu quero fazer a cobertura desse palpitante acontecimento. É uma despedida do Jornalismo em grande.