Luanda - O dia consagrado ao “diagnóstico” sobre o Estado da Nação no Parlamento foi marcado por um incidente que deveria convocar a indignação de toda Classe jornalística, dos paladinos da democracia e dos Direitos Fundamentais ínsitos no estatuto jurídico-político vigente em Angola: A expulsão do jornalista Romão de Jesus (Novo Jornal) do Parlamento por ter ousado fotografar os protestos da oposição contra o Titular do Poder Executivo (TPE) e Presidente da República João Lourenço.
Fonte: NJ
Romão de Jesus foi, enquanto mensageiro, “corrido à pontapés” da sala Número Um da Assembleia Nacional por ter querido fazer Jornalismo. Mostrar à Opinião Pública aquilo que os poderes instituídos tentam ocultar aos cidadãos. Ignoro se o Novo Jornal tomou alguma posição. Também não há notícias de que o Sindicato dos Jornalistas tenha reagido. Em resumo: A Classe Jornalística não reagiu face à censura de que foi alvo o profissional. Não tugiu, nem mugiu!
O silêncio da Classe Jornalística diz tudo. Diz que os Poderes Executivo, Judicial e Legislativo podem fazer dos jornalistas “gato-sapato”. Podem ir-lhes às “fuças” quando bem quiserem e entenderem. Nada vai acontecer. Sugere que os jornalistas nada valem. Não têm força! Os cães tinhosos em Angola são tratados melhor que os jornalistas. Pode-se fazer tudo contra os jornalistas. Qualquer um ou qualquer uma, pode fazer tudo contra os jornalistas. A impunidade é uma “certeza matemática”.
Os jornalistas também são cúmplices pelo seu silêncio ante aos abusos de que são alvos. Com o seu silêncio cúmplice, os jornalistas permitem esse tipo de veleidades aos políticos. Os jornalistas dão-lhes confiança. Ao ponto de destratá-los e fazê-los sentir…abaixo de roboteiros.
A continuarem assim, os jornalistas não têm nada que reclamar se até o mais medíocre dos político os ameaçar. Se um “General da OMA” os mandar calar a boca. Se um palhaço com dinheiro esbofetear um jornalista, ninguém diz nada. A Classe fica com o “rabinho entre as pernas”. Ninguém diz nada!
Os jornalistas põem-se tão a jeito que até secretários de Estado e ministros dão-se ao luxo de tratar os jornalistas pior do que os estafetas dos seus gabinetes. A culpa é dos jornalistas que passam cartão aos políticos. Que não se cansam de lhes mostrar os marfins (dentes). É muita confiança! Os jornalistas deixam os políticos angolanos muito à vontade nesse País.
O caso do jornalista Romão de Jesus é grave. É extremamente preocupante. Confirma que Angola tem um Parlamento autoritário. Antidemocrático. Avesso à Liberdade de Imprensa. Os deputados à Assembleia Nacional são, afinal, contra os princípios que concorrem para uma democracia saudável e um Estado de direito.
Se o Parlamento sequer sabe respeitar e garantir um direito fundamental como a Liberdade de Imprensa, objetivando o escrutínio do TPE e PR e dos seus auxiliares, o melhor seria voltarmos ao “Tempo de Partido Único”. Estávamos melhor. Ninguém iludia ninguém. Vivíamos todos iludidos.
A recente e humilhante retirada compulsiva do jornalista Romão de Jesus do Hemiciclo na pretérita terça-feira, confirma aquilo que todos nós já sabíamos mas que agora acaba de ser confirmada: Angola tem um Parlamento distante dos valores democráticos, mas próximo de uma governação autocrática.