Luanda - Quando levanto a questão sobre a "geopolítica funcional do Corredor do Lobito" em troca da "estabilidade do regime político de Angola", com ênfase na harmonização dos interesses do Ocidente com os interesses do povo angolano, o que está em questão é uma dinâmica mais complexa que envolve a interseção de questões económicas, geopolíticas e sociais.

Fonte: Club-k.net

Esta referência sugere uma análise crítica e estratégica sobre como o Corredor do Lobito pode ser utilizado com estabilidade como uma ferramenta não só de desenvolvimento económico, mas também de transformação política e social, visando a estabilidade do regime político e a concretização de um sistema democrático.

Colocada a tese central deste tema, vamos nos debruçar aos factos.

O que é a Geopolítica Funcional do Corredor do Lobito?

O Corredor do Lobito, como uma infraestrutura estratégica, conecta Angola ao interior da África Central, à República Democrática do Congo e a Zâmbia, sendo essencial para a exportação de minerais e recursos naturais. Este corredor é de grande interesse tanto para os países vizinhos quanto para potências internacionais, como o Ocidente, que buscam garantir acesso aos recursos naturais da região, especialmente ao cobre e outros minerais estratégicos.

O Ocidente, por meio de investimentos, pode apoiar o desenvolvimento e a modernização da infraestrutura angolana, promovendo maior conectividade regional e atracção de negócios.

No entanto, a geopolítica do Corredor do Lobito não é apenas uma questão de comércio e infraestrutura; ela também está ligada a uma disputa por influência. Os interesses económicos do Ocidente podem entrar em confronto com as necessidades internas de Angola, principalmente no que diz respeito ao regime político e aos direitos democráticos.

Nesta perspectiva como responder ao interesse de  estabilidade do regime político de Angola com o papel dos EUA e do ocidente em geral?

A estabilidade do regime de João Lourenço tem sido questionada devido a características autocráticas através da resistência de vários segmentos da população que, inclusive têm se organizado em movimentos de oposição e protestos contra práticas de governança, corrupção e falta de liberdade política. Enquanto o Ocidente, principalmente através de organismos como a União Europeia e os Estados Unidos, se preocupa com o apoio a regimes democráticos e a promoção dos direitos humanos, a sua relação com o governo de Angola é frequentemente pragmática, baseada em interesses económicos e estratégicos (como o acesso aos recursos naturais e estabilidade regional), passando por cima dos interesses do povo de Angola.

A "harmonização dos interesses" mencionada, sugere um cenário em que, os interesses do Ocidente podem ser alinhados com uma pressão para que, o governo de Angola realize reformas políticas que favoreçam uma maior abertura democrática e direitos civis. O Corredor do Lobito pode servir como um meio de fomentar esse processo, promovendo uma maior integração económica com o Ocidente, enquanto, ao mesmo tempo, cria uma plataforma para diálogos sobre governança, liberdades, garantias e direitos humanos.

Isto passa pela luta contra o regime autocrático e a consolidação do Estado Democrático de Direito.

Passa pela luta do povo angolano contra o regime autocrático de João Lourenço, uma luta que está ligada ao desejo de reformas políticas que garantam maior transparência, liberdade de expressão, direitos civis e a criação de um sistema mais democrático. No entanto, a maioria do povo angolano acredita que o regime de Lourenço, apesar de algumas promessas de reformas, ainda mantém práticas autocráticas e uma forte concentração de poder nas mãos do Presidente da República e do MPLA.

A geopolítica do Corredor do Lobito poderia ser uma alavanca para aumentar a pressão sobre o governo angolano para realizar mudanças. Se o Ocidente, com seus interesses estratégicos na infraestrutura, agir de forma coordenada para apoiar um processo de democratização e de maior respeito aos direitos humanos em Angola, isso poderia ajudar a forjar um equilíbrio entre os interesses externos e as aspirações do povo angolano por um regime mais democrático e de direito.

Estes desafios da harmonização entre os Interesses do Ocidente e do Povo Angolano, como se devem compor?

Há desafios consideráveis em harmonizar os interesses do Ocidente com as necessidades democráticas de Angola. Por um lado, o Ocidente está cada vez mais atento às questões de direitos humanos, liberdade política e governança democrática. Por outro, o governo de João Lourenço ainda depende de apoio externo para manter a estabilidade económica e política, especialmente no contexto pós-guerra civil. Isso cria uma tensão entre a busca por estabilidade económica e os direitos fundamentais da população.

A chave para uma harmonização bem sucedida seria uma abordagem mais holística, onde o Ocidente, ao apoiar o desenvolvimento do Corredor do Lobito e outros projectos de infraestrutura, também exigisse um compromisso claro com reformas políticas em Angola. Isso poderia incluir uma maior independência dos tribunais, maior liberdade de imprensa e o fortalecimento das instituições democráticas.

Finalmente, a análise feita toca em uma questão crucial: como os interesses económicos, especialmente em torno de projectos de infraestrutura como o Corredor do Lobito, podem ser usados para promover mudanças políticas em Angola. Embora o regime de João Lourenço não tenha feito qualquer reforma digna de menção, a transição para uma democracia plena vai depender de pressões internas e externas. Se a comunidade internacional, especialmente o Ocidente, puder harmonizar seus interesses económicos com o apoio a reformas políticas e o povo angolano não relaxar nas suas reivindicações, isso pode criar um ambiente onde o povo angolano tenha mais oportunidades de conquistar um sistema democrático de direito. Esse equilíbrio, contudo, exige uma actuação estratégica e vigilante de todos os envolvidos.

Por isso, Angola será definitivamente Estado Democrático de Direito por ser opção genuína do seu povo e por continuar a lutar por esse regime político.


OBRIGADO!