Luanda - Benguela, 10 de Fevereiro de 1976. O exército sul-africano ocupa a Cidade das Acácias Rubras. Três meses depois, as FAPLA (braço armado do MPLA e militares cubanos) levantaram-se, sacudiram a poeira, deram a volta por cima e botaram os “karkamanos” a correr. A bom correr.
Fonte: Club-k.net
Benguela, 10 de Fevereiro de 2025. São passados 49 anos desde que o exército sul-africano invadiu Benguela e marchou sobre o chão da cidade. O MPLA local esqueceu-se da data. Jornalismo faz-se de memória. Vive de memórias. O jornalista Jaime Azulay sabe disso. Por isso lembrou-se da data e recorreu ao disco duro da memória da sua memória para enaltecer os militares que se bateram de forma estóica para recuperar Benguela.
Jaime Azulay - a propósito da efeméride - anotou o seguinte na sua página do Facebook: “Já nem o Comitê Provincial do MPLA, que na ocasião recebeu de volta a bandeira rubro-negra, assinalou a data. Nem uma coroa de flores depositada no túmulo do soldado desconhecido. Apenas esquecimento e ostracismo, como se os libertadores tivessem agido por conta própria.Todos esqueceram, incluindo os que enriquecem a bruta por cima do sangue, suor e lágrimas dos nossos valorosos soldados das FAPLA. Em Angola a ingratidão tem nome e tem morada!”.
Jaime Azulay observa que o Comité Provincial do MPLA em Benguela esqueceu-se de assinalar a data. Eu diria que se tratou de um lapso de memória conveniente. Muito conveniente mesmo. Perdoa-lhes, Jaime (Azulay). Eles não sabem o que passamos, perdão, o que vocês passaram para correr com os “karkamanos”.
Os antigos combatentes nunca foram tão menosprezados como agora. É como se a Pessoa Colectiva pela qual combateram tivesse se transformado em verdugo dos mesmos. A honra dos militares é desonrada todos os dias. A dignidade dos verdadeiros Generais é pisoteada de todas as formas e feitios.
Os “Generais da OMA”, estes, estão na maior. E quem são? São aqueles que gritam como a Titica quando veem uma barata. São aqueles que nunca estiveram no cangaço ou numa Academia. Que menosprezam os que investiram a sua energia e juventude na guerra. Os antigos combatentes hoje sofrem calados. Choram com os olhos secos por migalhas de pão. O que se está a viver em Angola é o triunfo do oportunismo e da incompetência.