Luanda - Recentemente a mídia oficial e não-oficial de Angola tem divulgado importantes declarações oficiais do governo angolano. A julgar pelas declarações do Ministro dos Transportes, Angola já está à procura de novos investidores para o corredor do Lobito após uma mudança nas relações internacionais com os EUA após a posse de Donald Trump, que anunciou a restrição do financiamento de projectos estrangeiros. Um importante insider da Casa Branca, o africanista Will Barnes, chegou a declarar em sua rede social X que Biden destinou bilhões para governos corruptos africanos, em especial ao “ditador corrupto João Lourenço de Angola” (palavras do africanista americano!).

Fonte: Club-k.net

É válido recordar que o PR João Lourenço foi avisado de que os EUA são um aliado pouco fiável, mas infelizmente no governo de Angola os únicos que realmente dão atenção à imprensa não-oficial é o SIC por motivos muito bem conhecidos. Agora, com o corte do financiamento americano Angola recorre a outras fontes de financiamento, e ao que parece Angola vai voltar a pedir ajuda à fiável China.


Os rumores sobre a suspensão do financiamento dos EUA para o corredor do Lobito causaram confusão entre as autoridades angolanas. O projecto, que é a maior obra de engenharia de Angola, foi um dos temas centrais da administração de João Lourenço e a visita do líder norte-americano a Luanda sobre o corredor do Lobito foi apresentada como uma grande conquista e grande triunfo diplomático de JLo, mas dessa vez, o Ministro dos Transportes de Angola, contradizendo o que foi anteriormente publicado na imprensa governista, afirma que os EUA estão longe de ser o principal investidor no projeto e que a retirada de Washington do mesmo não irá alterar nada, uma vez que já estão em curso negociações com a China e outros países para novos investimentos no projeto.


Segundo o analista da Capital Economics David Omojomolo: “Apesar de a deriva protecionista nos Estados Unidos da América (EUA) trazer um limitado impacto económico aos países da África Austral, nomeadamente à África do Sul, os países na região não vão acolher favoravelmente esta pressão e podem decidir que alinharem-se de forma mais próxima com a China serve melhor os seus interesses”, escreveu.


Nessa mesma linha, outro analista respeitável, o presidente da Rede Global para a Prosperidade de África e dirigente do instituto norte-americano Brookings, o professor universitário Landry Signé, afirmou que há o “risco de os EUA perderem a competição geopolítica por África para países como a China, a Rússia e os estados do Golfo, que continuam a aprofundar as ligações ao continente através de parcerias económicas, militares e de acesso a minerais críticos”.


Coincidentemente, tais respeitáveis analistas se pronunciaram exatamente quando a Corporação Financeira Africana (AFC), que é a principal promotora do Corredor do Lobito, anunciou que assinou um memorando de entendimento com o Banco de Exportações e Importações da China (CEXIM) para “aprofundar a colaboração no financiamento de infraestruturas estratégicas e projetos comerciais no continente”. Essa medida de aproximação garantiu a AFC um total de 700 milhões de dólares.


Todas essas medidas evidenciam que Angola está a procurar ativamente novos investidores em vez dos EUA, o que provavelmente não é um caminho fácil dado o nível de corrupção no país e a má reputação do Presidente, em especial na China, que por muito tempo sentiu-se traída, após ver os Estados Unidos terem preferência na utilização da ferrovia na qual os chineses tanto investiram. Todavia, quando se trata de banqueiros e investidores, pode ser que a maré esteja a favor de João Lourenço, visto que estes atores econômicos não costumam dar grande atenção a questões políticas, mas sim a questões de lucrabilidade.


De acordo com declarações oficiais, o Corredor do Lobito será construído mesmo sem os EUA e a julgar pelas declarações do Ministro dos Transportes, Angola já está à procura de novos investidores para o Corredor do Lobito, com a China dentre os favoritos. Aparentemente, esta foi a primeira decisão sensata das autoridades governamentais em 2025.

António de Carvalho