Luanda - Ah, que momento glorioso para a política angolana! No dia 14 de Fevereiro de 2025 – sim, no Dia dos Namorados, porque nada mais romântico do que declarar amor ao poder – José Carlos de Almeida, mais conhecido como Joseca, entregou a sua grandiosa manifestação de intenção de candidatura à liderança do MPLA. E não se trata de qualquer candidatura! Joseca chega com a promessa de ser um Presidente unificador e inclusivo, alguém capaz de revitalizar a esperança do povo angolano. E, como prova da sua determinação, já se vê a projectar-se para as eleições gerais de 2027, pronto para conquistar corações e votos com a sua personalidade, mentalidade, visão e... livros publicados! Sim, porque, em Angola, a solução para os problemas do país sempre esteve escondida entre as páginas de um bom livro.
Fonte: Club-k.net
Jurista de formação, educador de longa experiência, com um currículo que passa pela Universidade Autónoma de Lisboa e pela Universidade Agostinho Neto, Joseca é militante do MPLA há mais de 22 anos e está actualmente enquadrado no CAP 6, no Distrito da Ingombota. Com um número de militante digno de um veterano (838607), acredita que a sua afeição e convicção são os ingredientes mágicos que vão transformar o partido e, quem sabe, até resolver os problemas crónicos de Angola.
E por falar em problemas... será que Joseca já olhou à sua volta? Angola tem um desemprego massacrante, uma corrupção tão institucionalizada que já se confunde com a cultura nacional, um sistema de saúde digno de filme de terror, uma educação que forma mais desempregados do que profissionais e uma economia que sobrevive por milagre. Mas calma, porque Joseca está preparado para enfrentar tudo isso! Como? Com a sua personalidade e mentalidade! Acreditando que um discurso bem articulado e uma boa dose de entusiasmo podem operar verdadeiros milagres, lança-se ao desafio sem hesitação.
Mas será que Joseca está realmente pronto para enfrentar a brutalidade da competitividade política e eleitoral africana? Porque, na política angolana – e africana como um todo – eleições não são apenas uma questão de popularidade ou programas de governo bem elaborados. São arenas de sobrevivência, onde a astúcia se sobrepõe à competência, onde os bastidores fervilham com jogos de influência e onde a mobilização eleitoral se constrói, muitas vezes, não com base em ideias, mas em lealdades forjadas ao longo de anos de cumplicidade política. Em África, o verdadeiro duelo eleitoral não se dá nos comícios, mas nas estratégias de bastidores, nas alianças silenciosas e nas máquinas partidárias que controlam o terreno com precisão cirúrgica. A capacidade de navegar nesse mar revolto, de resistir à pressão das elites políticas e de se blindar contra os golpes inesperados é o que separa os candidatos simbólicos dos verdadeiros contendores. Será que Joseca tem essa resistência? Será que entende que, nesta corrida, nem sempre vence quem tem as melhores intenções, mas sim quem conhece melhor as regras do jogo – e sabe como dobrá-las a seu favor?
Eis aqui um conselho, caro Joseca: há uma virtude chamada sabedoria de desistir. Veja os grandes líderes bíblicos – José, Moisés, Davi – nenhum deles precisou entregar cartas de candidatura. O destino divino escolheu-os. Então, por que não confiar que a espiritualidade e o tempo farão o seu trabalho? Que tal uma velhice tranquila, longe do stress da política e dos sorrisos falsos de aliados de ocasião? Porque, convenhamos, Angola já viu muitos "salvadores" surgirem com discursos inflamados e promessas de renovação, apenas para serem devorados pelo próprio sistema que juraram transformar.
Mas claro, se Joseca quiser seguir em frente, por que não? Angola sempre tem espaço para mais um capítulo na sua longa saga de esperanças frustradas.