Luanda - Bem-vindos ao grande circo político angolano, onde o espectáculo principal não é o desenvolvimento do país, mas a rivalidade interminável entre dois dinossauros políticos que se recusam a evoluir. De um lado, temos o MPLA, que governa há décadas como se fosse uma monarquia disfarçada de democracia. Do outro, a UNITA, que faz oposição como se ainda estivesse escondida no mato, à espera do dia em que finalmente tomará o poder por milagre.
Fonte: Club-k.net
Enquanto estes dois gigantes se digladiam, Angola afunda-se na corrupção, na pobreza e na falta de perspectivas para o seu povo. E o mais irónico? Nenhum dos dois partidos parece minimamente interessado em resolver os problemas do país. O objectivo real nunca foi governar bem, mas sim garantir que o outro não tenha qualquer hipótese de governar.
MPLA: O Mestre da Estagnação Governativa
O MPLA, com a sua máquina pesada de propaganda e controlo absoluto do Estado, continua a operar como se estivesse eternamente sob ameaça de um golpe de Estado. Qualquer crítica é tratada como um ataque ao "bem-estar nacional", qualquer tentativa de reforma é vista como uma conspiração estrangeira, e qualquer voz dissonante é silenciada com burocracia, censura ou pura intimidação.
O partido no poder governa como um senhor feudal que distribui migalhas ao povo, enquanto a elite enche os bolsos. Infra-estruturas inacabadas, serviços públicos sucateados, economia dependente do petróleo e uma juventude sem futuro – este é o legado de um governo que confunde longevidade com competência. Governar bem? Para quê? O importante é manter o poder a todo custo.
Mas não nos enganemos, o MPLA não está sozinho na dança da mediocridade política.
UNITA: A Oposição que Só Sabe Reclamar
Se o MPLA é o mestre da estagnação governativa, a UNITA é a rainha da vitimização. Décadas a fazer oposição e, ainda assim, parece uma criança perdida num jogo de adultos. Sempre a denunciar irregularidades, sempre a clamar por transparência, sempre a organizar marchas e protestos… mas e as soluções? Onde estão?
A UNITA parece ter esquecido que fazer oposição não é apenas apontar erros, mas apresentar alternativas viáveis e conquistar a confiança do eleitorado. Em vez de se comportar como uma força política séria, prefere importar "gurus da revolução" e vender a ilusão de que a mudança virá de fora. Como se Angola precisasse de lições de insurreição de países vizinhos.
Se a UNITA quer ser uma verdadeira alternativa ao poder, precisa de mais do que discursos inflamados e alianças temporárias. Precisa de projectos concretos, propostas exequíveis e uma estratégia de governação que convença os angolanos de que o futuro pode ser diferente. Caso contrário, continuará a ser apenas uma sombra do MPLA, vivendo à custa do descontentamento popular sem nunca conseguir transformar esse descontentamento em mudança efectiva.
A Política da Sabotagem: O Cancro de Angola
O maior problema da política angolana não é apenas a incompetência dos partidos, mas sim a mentalidade de sabotagem mútua. Governar bem? Isso dá trabalho. Muito mais fácil é garantir que o outro fracasse. Se o adversário quer organizar um evento, é preciso bloqueá-lo. Se uma iniciativa pode beneficiar o país, é melhor travá-la para que o crédito não vá parar ao lado errado.
A política angolana não é feita para melhorar a vida dos cidadãos, mas sim para manter o equilíbrio da guerra fria entre MPLA e UNITA. Enquanto eles jogam este xadrez de destruição mútua, o país fica parado no tempo. Infra-estruturas básicas continuam precárias, o sistema de saúde é uma piada trágica, a educação produz desempregados e a economia está à mercê das oscilações do preço do petróleo.
A Solução? Um Novo Cardápio Político
Já passou da hora de Angola abrir espaço para novas forças políticas. O país precisa de alternativas reais, de partidos que tragam ideias inovadoras e soluções pragmáticas para os problemas estruturais que nos afligem.
Criar um partido em Angola não deveria ser um processo kafkiano, onde os interessados precisam de ultrapassar um mar de burocracia e perseguição. O monopólio político precisa de acabar, e os angolanos precisam de ter a liberdade de escolher entre várias opções, não apenas entre o "menos mau".
O jogo político precisa de novos jogadores. Precisamos de partidos com foco na economia digital, na industrialização, no desenvolvimento sustentável e na descentralização efectiva do poder. Precisamos de líderes que falem menos e façam mais, que estejam mais preocupados em criar empregos do que em manipular estatísticas.
Assembleia Nacional: O Palco da Política, Não um Circo de Vaidades
A política deveria ser feita onde realmente importa: na Assembleia Nacional e nos meios de comunicação social. É lá que ideias devem ser debatidas e soluções devem ser encontradas. Mas o que vemos? Deputados que tratam o Parlamento como uma extensão dos seus partidos, preocupados apenas em atacar o adversário, em vez de construir consensos para resolver os problemas do país.
A comunicação social, em vez de ser um espaço para informar e educar, tornou-se um campo de batalha de propaganda barata. O país precisa de uma imprensa livre, onde o debate seja sério e onde as propostas de governação sejam discutidas com transparência. Chega de transformar a televisão e os jornais em altifalantes de narrativas partidárias sem substância.
Senhores Políticos, Sejam Sérios
O país tem problemas urgentes. A economia precisa de reformas estruturais, a administração pública precisa de eficiência, a justiça precisa de independência real, e o povo precisa de soluções. O tempo de brincar aos soldados acabou.
Se o MPLA e a UNITA querem mesmo provar que ainda têm utilidade para Angola, deixem de lado a política de sabotagem mútua e passem a competir com ideias e soluções. Caso contrário, que venham novos partidos, novas lideranças e uma nova Angola que finalmente enterre a mentalidade de guerrilha política.
O país precisa de progresso, não de um eterno "remake" da guerra pelo poder.