Luanda - O instrumentista e cantor brasileiro Lindomar Castilho cantava o que o povo queria e dizia. O jornalista, cronista e polemista angolano Salas Neto escreve o que o povo quer e o que diz. Exprime o que pensa em voz alta o que a maioria dos intelectuais pensa em surdina no âmbito da famigerada “estratégia do silêncio”. Salas Neto é um jornalista sério e competente. Um cronista que valoriza a simplicidade e os elementos coloquiais da linguagem. Não é um intelectual “de se coçar”. Mau grado ter tido a desdita de nascer em Angola, onde quem decide precisa de descalçar o sapato para contar até doze.
Fonte: Club-k.net
O dia que Angola for culta e com tecido humano igual, Salas Neto vai ser uma referência obrigatória quando os estudantes de Jornalismo tiverem que abordar a crónica como Gênero Jornalístico. Um dia Salas Neto vai ser celebrado como é o brasileiro Ruben Braga ou o português Batista Bastos. A sua vida e obra um dia vai ser estudada ao lado da de Ernesto Lara Filho. Directo ao ponto: Salas Neto reagiu na Rede Social Facebook ao meu artigo intitulado “ROUBOS À ANTIGA MODERNIZAM TPA” com uma pergunta, seguida de uma afirmação de quem sabe do que fala: “E ESTAVAS À ESPERA DE QUÊ? O PAÍS ESTÁ A SAQUE!”.
Respondendo a pergunta de Salas Neto: Esperava equivocadamente que a Administração Lourenço estancasse a hemorragia da podriqueira. Pelo contrário. Aumentou. A teoria de alguns (mas quase todos) “eleitos” de João Lourenço é a seguinte: “Chegou a nossa vez. Vamos aproveitar a desorganização para nos organizarmos. O amanhã é uma incógnita. Não vá o diabo tecê-las e acabar como mendigo”.
O País está a saque. João Lourenço está a “apanhar do ar” ou é conivente. As instituições públicas estão a ser descarada e abertamente corroídas pelo roubo desenfreado. Os salteadores são identificados. Mas nada acontece. O Estado angolano está no “cafrique” de uma restrita e bem identificada elite política. Os interesses dos privados sobrepõem-se aos do Estado.
A impunidade está na ordem do dia. As instituições que deveriam fiscalizar tudo isso estão que nem camarão levadas pela onda da corrupção e do laxismo. Do amiguismo e do compadrio. Da solidariedade camarada e da irresponsabilidade política. Conclusão: A Administração Lourenço está na sua recta final. Por isso deu luz verde para transformar, de Cabinda ao Cunene, o erário e o patrimônio público em “bar aberto” para quem tem acesso à mesa dos arcanjos ou antigo palácio do governador-geral de Angola.