Luanda - A União Africana (UA) saudou os resultados da reunião realizada na segunda-feira (17.03) em Doha que juntou os presidentes do Ruanda e da República Democrática do Congo para tentar pôr fim ao conflito no leste da RDC.
Fonte: Lusa
Em comunicado divulgado hoje (19.03) no portal eletrónico da organização pan-africana, o presidente da Comissão da UA, Mahamoud Ali Youssouf, destaca o "empenhamento no diálogo" demonstrado pelos Presidentes democrático congolês e ruandês, Félix Tshisekedi e Paul Kagame, respetivamente, que se reuniram em conversações com a mediação do emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al-Thani.
Mahamoud Ali Youssouf considera que o empenho dos dois Presidentes "reflete uma verdadeira liderança e um reconhecimento comum de que a paz, a segurança e a estabilidade são indispensáveis para a prosperidade das suas nações e da região dos Grandes Lagos em geral".
"A União Africana continua a apoiar resolutamente as soluções lideradas por África para os desafios africanos, tal como se encontra consagrado nos processos [de mediação] de Luanda e Nairobi", destaca Mahamoud Ali Youssouf.
O presidente da Comissão da UA destacou ainda a importância "de uma coordenação contínua entre a União Africana, as comunidades económicas regionais e os parceiros internacionais na promoção de uma paz sustentável".
A concluir, Mahamoud Ali Youssouf salienta que a União Africana "insta todas as partes interessadas a manterem a dinâmica gerada em Doha e a trabalharem coletivamente para a plena implementação dos compromissos acordados" e manifesta a sua disponibilidade para "apoiar e acompanhar estes esforços, em conformidade com o seu mandato de promover a paz, a segurança e a estabilidade em todo o continente".
Tshisekedi e Kagame deviam ter-se encontrado numa cimeira de paz convocada para 15 de dezembro na capital angolana, depois de um acordo de cessar-fogo, assinado em Luanda em 30 de julho e que entrou em vigor a 4 de agosto, ter sido interrompido por novos combates. O encontro acabou por não acontecer devido à ausência de Kagame.
O encontro em Doha ocorreu no mesmo dia em que estava previsto, mas não aconteceu, o início de um diálogo de paz direto entre delegações da RDC e dos rebeldes do Movimento 23 de Março, apoiado pelo Ruanda, em Angola, país que também atua como mediador do conflito.
A reunião em Angola não se chegou a realizar, após o M23 ter cancelado a sua participação na sequência da imposição de sanções contra alguns dos seus dirigentes pela União Europeia (UE).
O M23 tem avançado no território democrático congolês desde janeiro, altura em que tomou Goma, capital da província de Kivu do Norte.
Em fevereiro, o M23, que é apoiado pelo Ruanda - segundo a ONU e países como os EUA, a Alemanha e a França -, apoderou-se de Bukavu, a capital estratégica da vizinha província de Kivu do Sul.
Os rebeldes controlam agora as capitais destas duas províncias, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.