Luanda – O deputado da UNITA, Marcolino Nhany, defendeu hoje, na Assembleia Nacional, a necessidade urgente de uma reforma profunda na Comissão Nacional Eleitoral (CNE), alertando para o risco de novas eleições em 2027 serem novamente marcadas por suspeitas e contestação generalizada.

Fonte: Club-k.net

Durante a sessão plenária, Nhany afirmou que “as eleições só são legítimas quando inspiram confiança nos cidadãos”, e sublinhou que essa confiança se constrói muito antes do dia do voto, especialmente na fase de elaboração das leis eleitorais e no planeamento da organização do processo.

“O momento é de reflexão e de acção. Temos de mudar de atitude e aprender a trabalhar juntos”, apelou, sugerindo que a questão da CNE pode ser transformada num “factor de unidade e convergência nacional”.

 

CNE sob críticas severas

O parlamentar apontou que as críticas à CNE são partilhadas por quase todos os partidos políticos, excepto o MPLA, que governa o país desde a independência.

“Todos os partidos reclamam da CNE, menos um. Todos reclamam da falta de imparcialidade, do acesso desigual à comunicação social do Estado, da ausência de lisura nos actos eleitorais – menos um”, criticou.

Para Nhany, este cenário comprova que “alguma coisa vai mal” com a instituição responsável pela gestão dos processos eleitorais. A UNITA, afirmou, tem procurado resolver estas falhas com propostas legislativas e acções judiciais.

 

Críticas à tomada de posse de “Manico”

Marcolino Nhany foi ainda mais contundente ao comentar a recondução do presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva “Manico”, considerando que o acto de tomada de posse foi uma tentativa de “branquear” uma imagem que, segundo ele, carece de idoneidade.

“O que se fez aqui nesta casa foi um acto de branqueamento de imagem. Ainda assim, não conseguiu devolver ao cidadão em causa a idoneidade que não tem”, afirmou, levantando dúvidas sobre a legitimidade do processo de nomeação conduzido pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial.

 

Apelo à mudança

O discurso terminou com um apelo à mudança: “Vamos estruturar juntos uma nova CNE, que dignifique Angola e os angolanos. A hora é agora.”

A intervenção do deputado da UNITA reacende o debate sobre a credibilidade das instituições eleitorais angolanas, num momento em que já se iniciam os preparativos para as eleições gerais previstas para 2027.