Luanda - Mais um precioso ponto para a deputada Florbela Malaquias, do PHA. Em meio à desinteligência da costumeira bipolarização (MPLA/UNITA), Manico para cá, Manico para lá; aliás, ninguém entende por que razão se insiste num indivíduo que a sociedade e a opinião pública rejeitam, eis que vai se consolidando uma voz serena, madura, responsável e, sobretudo, patriota. Uma voz que se posiciona como uma das líderes da tão almejada nação angolana.

Fonte: Club-k.net

De resto, não é a primeira vez que Bela Malaquias chama a razão de forma pedagógica e com uma postura política acima da média, diante dos atropelos e maus jeitos dos diferentes atores políticos, com destaque para o Governo. Na verdade, parece que, ao longo de todos esses anos, nunca tivemos, na arena política nacional - e sobretudo na Assembleia Nacional - , o verdadeiro significado de representantes do povo.

Tomando a palavra na plenária da Assembleia Nacional que, na quarta-feira , aprovou, na generalidade, duas propostas legislativas que visam alterar a Lei do Registo Eleitoral Oficioso, a deputada disse, e passo a citar:

“Não é por acaso que propostas de lei estruturantes do nosso sistema eleitoral surjam recorrentemente às vésperas de um novo ciclo eleitoral. O que está em causa não são meras alterações técnicas, mas a forma de legitimação do poder em Angola. O que se está a alterar não são apenas as regras do jogo democrático, é o próprio campo do jogo, a posição do árbitro, a regra do golo. Sugerimos que as formas das leis com vista às eleições de 2027 passem por audiências públicas e plurais antes da votação final.”

Ora, é evidente que o relato de Bela Malaquias não tem a mínima chance de ser tido em consideração pela elite governante. Contudo, desengane-se quem pense que o conteúdo da sua narrativa caiu em saco roto. As suas observações podem não valer no Parlamento, mas são de extrema importância para as memórias políticas colectivas e, sobretudo, para os estudiosos da política angolana no pós-guerra.

Na verdade, Florbela Malaquias cola-se verdadeiramente ao serviço do povo. Num outro momento, a presidente do PHA alertou o Governo para a sua completa dessincronia discursiva. No “famoso” café promovido pelos Serviços de Imprensa da Presidência da República, para saudar o Dia da Juventude, assistiu-se, a dado momento, a uma espécie de desvalorização dos jovens que optam pela emigração, especialmente para Portugal.

Tanto o Ministro da Juventude, Rui Falcão, quanto a sua colega da Educação, Luísa Grilo, foram para o debate muito mal preparados. Para variar, alguém não fez o seu trabalho de casa.

Num tom carregado de indignação, a deputada contrariou os governantes, narrando a história de jovens altamente qualificados que, ainda assim, não encontraram oportunidades, sendo a emigração a alternativa mais imediata. A deputada finalizou a fala com as seguintes palavras:

“Angola poderia ser próspera se não fosse sabotada por uma elite que se serve, ao invés de servir.”

Ora, aí está um exemplo de preocupação com o país real. O único senão - se é que existe - talvez tenha sido ter trazido o exemplo dos próprios filhos para uma preocupação geral, o que soa um pouco a juiz em causa própria.