Luanda - A grandeza de uma pessoa não se manifesta no nascimento. Mas sim, ela se afirma na morte, quando o balanço da vida é feito e os seus “Ideais” ficam sujeitos ao julgamento público. Assim que aconteceu no dia 26 de Abril de 2025, na Praça do São Pedro, em Roma, onde convergiram cerca de meio milhão de pessoas, inclusive os líderes mundiais, com fim de render a última homenagem ao “Grande Homem” da História, Papa Francisco, cujo nome da família: Jorge Mário Bergogilio.

Fonte: Club-k.net

Antes de mais, o Papa Francisco, ao qual rendemos o nosso profundo respeito e admiração, foi um Grande Reformador da Cúria Romana, promoveu a sinodalidade, fortaleceu o Colégio Cardinalício, criando cardeais de vários países nunca antes representados. O Pontífice abraçou firmemente a causa dos pobres, dos desfavorecidos e dos marginalizados. Apostou-se seriamente na Juventude, inspirando-se na Fé Cristã, e apoiando-se na Mulher e na Acção da Caridade. Acima de tudo, ele foi um Homem mais corajoso e o mais justo, que levantou bem alto a voz contra as guerras, criticando fortemente as potências mundiais que ameaçam persistentemente a «destruição massiva» da Humanidade com Armas Nucleares.


Curiosamente, os Presidentes da Rússia e da China, Vladimir Putin e Xi Jinping, respectivamente, não compareceram neste Acto formal e solene, das Exéquias do Papa Francisco. O amor ao próximo, a migração, a coexistência pacífica e a solidariedade faziam parte da Agenda do Papa Francisco – dizendo: devemos estabelecer pontes, em vez de construir muros, que separam os povos e as nações. Uma mensagem directa ao Presidente dos EUA, Donald Trump, que também fez questão de estar presente na Praça do São Pedro, com a Primeira Dama, Melania Knauss-Trump.


Importa-me salientar que, o Papa Francisco colocou-se na linha da frente contra a pobreza, a corrupção, a distribuição desigual da riqueza, a má governação e o autoritarismo que se alastra pelo mundo. Contrariamente à cultura conservadora da Igreja Católica, o Papa Francisco não hesitou em quebrar o gelo, abrir as portas da Igreja no combate cerrado contra a má gestão do património da Igreja – punindo severamente os prevaricadores.


O Pontífice da Cúria Romana conduziu uma verdadeira Revolução contra os abusos sexuais e os crimes da Pedofilia dentro da Igreja Católica. Nesta referência, existe muito tabu oculto dentro da Igreja Católica, como o Celibato, tido como um caminho para a santidade e uma vida mais intensa em Cristo. Contudo, muita gente dentro da Igreja Católica sabem o que de facto acontece na vida real da Igreja. Eu sou cristão, batizado, cresci e estudei nos internatos das Missões Católicas.


Para dizer que, pela Grandeza da Igreja Católica, os tabus transformaram-se em verdadeiros mistérios. As pessoas tinham medo de trazer tudo à superfície no sentido de corrigi-los e fazer justiça. Essa atitude cumplice serviu de erosão que foi criando fendas na Superestrutura, afastando o Rebanho. Dando origem às “Seitas Illuminati,” que se espalharam pelo mundo, tornando-se numa praga de corrupção, que hoje explora sistematicamente os pobres e os humildes – enriquecendo, deste modo, uma grande burguesia capitalista dentro das Igrejas Cristãs.


Por mim, ali reside as «virtudes cardeais e morais» do Pontífice Francisco em desencadear as Grandes Reformas dentro da Igreja Católica para combater decisivamente as “Sociedades Secretas” dos Iluminados. Esta luta, sem trégua, ainda não foi vencida dentro da Igreja Católica. Ainda existe um reduto forte dentro da Superestrutura da Igreja Católica. Ali reside a “expectativa” do próximo Conclave dos 135 Cardeais (com direito de votar e de ser eleito) que vão eleger o sucessor do malogrado Papa Francisco.


Há muitas facetas do Pensamento Mestre do Pontífice Francisco que nos deixou como um legado. No cômputo geral, cada pessoa tem uma parte que lhe tocou profundamente e ficou gravado na sua mente. Logo, há certas coisas que são pertinentes, que chamou a minha atenção. O Papa Francisco, além da defesa dos mais pobres, que foi a sua bandeira, ele levantou a voz bem alta contra as guerras, contra o autoritarismo e contra a corrupção.


Este contexto tem um impacto muito profundo sobre a nossa consciência, e exigem de nós tomar medidas e buscar os caminhos mais efectivos e mais eficazes para fazer face a este contexto, que ameaça o futuro da humanidade. No Livro, intitulado: «The Art of War and Peace», pagina Xi. Autores: David Kilcullen e Greg Mills, encontrei algumas linhas mestres do Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, sobre o contexto da guerra, da paz, da democracia, do autoritarismo, da política, da pobreza, da prosperidade e do desenvolvimento, que passo a citar:  “A extensão do conflito em África ilustra a relação entre a pobreza, o desenvolvimento e a política. Da mesma forma, a sua prevenção e solução reforçam o vínculo entre a democracia e a prosperidade, e entre a democracia e a paz. Pois a tentação do autoritarismo representa grandes riscos não apenas para os direitos humanos, mas também para a governança e a responsabilização. Os custos do fracasso em construir e garantir a paz são enormes e têm impactos muito distantes do centro do próprio conflito. É evidente que a instabilidade em qualquer lugar é a instabilidade em todos os lugares.” Fim de citação.


Este extrato do Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, em poucas frases, ilustra explicitamente a preocupação do Papa Francisco quanto à multiplicação das guerras e dos conflitos no mundo, que ameaçam o futuro da Humanidade. Acho que, os Líderes mundiais que estiveram presentes em Roma tenham acatado bem a “Mensagem” deixado pelo Papa Francisco que foi bem transmitida com muito rigor e com muita clareza pelo Vaticano.


Neste capítulo, a democracia, a paz, a estabilidade e o desenvolvimento em África, como no caso específico de Angola, estão fortemente ameaçados pelas oligarquias autoritárias e pelos monopólios, com estreita ligação ao poder político que exerce a hegemonia política sobre os Aparelhos do Estado, e que, instrumenta as Instituições Públicas, em prol da manutenção do Poder, por todos os meios.


Para terminar esta reflexão, lembremo-nos do dia 25 de Abril de 2025, na Praça de São Pedro, na celebração da Ressureição do Jesus Cristo, o Papa Francisco dizia, em Latim: Urbi et Orbi, palavras de benção do Pontífice da Cúria Romana à Cidade de Roma e ao Mundo. Terminava assim o seu Ministério Pontificado, em despedida definitiva com o seu Rebanho, a caminho do Pai Celestial. Paz a Sua Alma, desejando-lhe vida eterna em Cristo.


Luanda, 28 de Abril de 2025.