Luanda - Parece que, em Angola, os dirigentes estão cada vez mais a ser acometidos por uma doença misteriosa e altamente contagiosa: a síndrome do "Carro Esquecido". Este mal, que ataca especialmente os mais altos escalões da administração pública, manifesta-se de forma curiosa: os carros são comprados com fundos públicos, mas depois são, aparentemente, esquecidos nos terminais de carga, por meses a fio, como se fossem apenas mais uma mercadoria em um armazém qualquer.

Fonte: Expansão

Agora, enquanto o país enfrenta graves problemas de liquidez no sistema de saúde e os hospitais estão mais vazios de medicamentos do que de pacientes, os "nossos" dirigentes decidiram investir em carrões de luxo, como os Toyota Land Cruiser, para uma futura frota… quem sabe para levar médicos às inaugurações das novas unidades de saúde que, ao ritmo actual, só estarão prontas quando Angola completar o seu bicentenário. Ah, mas pelo menos, os "carros esquecidos" estão guardadinhos, à espera do grande dia em que serão usados. Afinal, os carros não precisam de remédios, certo?

 

E, para a AGT, um conselho: não permita que nenhum dirigente compre um único automóvel nos próximos 50 anos. Exactamente, 50 anos! Isso coincidiria com o tempo de independência do país. Esse período daria tempo suficiente para os carros de hoje se transformarem em relíquias históricas, verdadeiras peças de museu, enquanto o sistema de saúde, quem sabe, já teria sido revitalizado com os recursos que, em vez de serem enterrados em carros de luxo, poderiam ser utilizados para melhorar as condições de vida da população.

 

Afinal, se as prioridades dos nossos governantes são carros e mais carros, talvez a solução seja retirar esses mesmos carros do jogo por um bom tempo. O resto, como sempre, resolve-se com mais um pouco de paciência e… mais alguns carros esquecidos, é claro!