Luanda - Circula nas redes sociais um vídeo perturbador, atribuído ao ex-presidente da Namíbia Hifikepunye Pohamba, onde este expressa vergonha e indignação com a presença de crianças angolanas a pedir esmola nas ruas da Namíbia. Um comentário direto, franco e carregado de frustração, chamando Angola de "vergonha", por permitir que menores de idade, desprovidos de escola, abrigo e proteção, cruzem fronteiras e passem a integrar o quadro de miséria visível que choca turistas e residentes estrangeiros.

Fonte: Club-k.net

O ex-estadista afirma que turistas confundem estas crianças com namibianas, e que a imagem do país vizinho está a ser afetada por um problema que não é da responsabilidade direta da Namíbia, mas sim da indiferença institucional de Angola.


Que país é este, afinal, que não aprende com os próprios erros, que acumula riquezas em diamantes, petróleo e minérios, mas continua a exportar miséria e abandono? Que nação é essa que, cinco décadas após a independência, não consegue garantir escolas, alimentação e proteção básica para as suas crianças?


E onde está o Instituto Nacional da Criança (INAC)? A quem compete monitorar, proteger e intervir quando menores angolanos se encontram em situação de risco dentro e fora do território nacional? Quantas vezes mais o país será humilhado diante da comunidade internacional por falhar em algo tão elementar quanto assegurar dignidade às suas crianças?


Angola tem tudo – absolutamente tudo – para oferecer um futuro melhor aos seus filhos. Mas o que se vê é o mesmo ciclo vicioso de discursos vazios, prioridades distorcidas e ausência total de políticas públicas.


O que o ex-presidente namibiano fez não foi apenas uma crítica. Foi um grito de alerta. Uma denúncia que expõe não apenas a falência do Estado angolano em proteger a infância, mas também a nossa complacência coletiva diante da tragédia cotidiana que se alastra pelas ruas de Luanda e noutras provincias do país e agora até fora das nossas fronteiras.


Se revezem, senhores governantes. Parem de culpar o passado. Olhem para estas crianças. Elas não podem esperar. O mundo está a ver. E a vergonha já cruzou fronteiras.