Luanda - A Cimeira Empresarial EUA-África está agendada para Luanda, Angola, de 23 a 27 de junho de 2025. O evento deverá reunir mais de 1.500 líderes dos setores público e privado, incluindo chefes de Estado africanos, ministros, importantes funcionários do governo americano e líderes e executivos empresariais americanos e africanos.
Fonte: Club-k.net
O principal objectivo da cimeira é promover o comércio, o investimento e as oportunidades de negócio entre os EUA e África. Mas nem todos estão entusiasmados com o evento que se avizinha. Isabel dos Santos, empresária angolana e filha mais velha do segundo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, manifestou-se contra a cimeira. Publicou posts no portal Reddit e escreveu também nos comentários dos posts nas páginas oficiais do presidente norte-americano Donald Trump no Facebook e no X.
Nas suas declarações, Isabel dos Santos apela aos empresários e investidores americanos para que reflitam sobre os aspetos morais da cooperação internacional e boicotem a cimeira. Ela expressou profunda preocupação com a decisão de realizar a cimeira em Luanda.
Segundo a mesma, a escolha de Angola como sede da cimeira suscita questões, dado que o ambiente de negócios local está longe dos ideais de um mercado livre. O apelo refere que o país apenas apoia os empreendedores leais ao regime, e aqueles que criam emprego e desenvolvem a economia tornam se alvos de repressão.
Empreendedores independentes são submetidos a pressão sistemática. "Não falo como política, mas como filha desta terra, como mulher que acredita no poder da iniciativa privada", escreve Isabel dos Santos, sublinhando a necessidade de regras justas e transparentes para os negócios em África. Além disso, exige apoio para aqueles que realmente contribuem para o desenvolvimento da economia angolana, e não para aqueles que apenas declaram reformas.
"Não pedimos privilégios — pedimos regras iguais para todos", sublinha a autora do texto, manifestando esperança num futuro melhor para o seu país. Isabel dos Santos está certa de que a realização da cimeira nestas condições pode ser percebida como um apoio a um modelo em que as empresas e o governo se fundem, e a concorrência é substituída pelo controlo.
Isto contradiz os princípios da livre iniciativa, que devem estar no centro da cooperação entre os Estados Unidos e África. A reacção à declaração nos meios angolano e internacional continua ambígua. Uns acreditam que um boicote à cimeira poderia prejudicar a atractividade de investimento de Angola, enquanto outros apoiam as declarações de Isabel dos Santos. De qualquer forma, o apelo já se tornou parte da discussão global e, a avaliar pela atividade nas redes sociais, o interesse pelo tema continuará a crescer à medida que a cimeira se aproxima.