Luanda - Fiquei extremamente triste e comovido ao ver as imagens do General Apolo...Para alguém que comandou tropas e enfrentou, de peito aberto, as balas inimigas, deve ter sido uma experiência humilhante não poder usar a sua força para se defender do ódio das milícias da Administração de Ngalanga. É duro. A sua postura dizia tudo: sentado e ensanguentado, com um olhar reflexivo e desiludido, tentava estancar o sangue que lhe corria pelo rosto com o seu lenço de bolso. (Não sei qual o filme que lhe passou pela cabeça naquele instante.)
Fonte: Club-k.net
Na verdade, esta imagem dolorosa de um brilhante general demonstra, com clareza, o tipo de paz que estamos a construir: uma paz baseada na intimidação e na humilhação. Uma paz assim só é paz por se terem calado as armas.
Isto é uma autêntica vergonha para quem governa. Decorridos vinte e três anos de paz, é lamentável permitir que se apedrejem, à luz do dia, opositores políticos, sob o olhar silencioso das autoridades competentes. Infelizmente, a culpa, para não variar, morrerá, mais uma vez, solteira. E, se se instaurar um inquérito, as vítimas passarão a ser os culpados. O pior é que os meios de comunicação social públicos fazem de conta que nada aconteceu. Provavelmente, só abrirão a boca quando os inocentes forem criminalizados. Já agora, se não for pedir demais, seria interessante que a TPA fizesse também uma reportagem do tipo Banquete ou 60 Toneladas de Explosivos, para ilustrar os acontecimentos em Ngalanga. Sugiro que o título seja: “General Reformado das FAA Apedrejado em Tempo de Paz”.
A intolerância política não constrói a Nação.
Benguela, 4 de Junho de 2025
Gerson Prata