Lisboa – Altos funcionários da Presidência da Republica, observam em José Eduardo dos Santos sentido de desgosto quanto a repercussão dos relatórios de denuncias de casos de corrupção envolvendo figuras da sua entourage escritos pelo jornalista Rafael Marques.
Fonte: Club-k.net
Justiça angolana preparada para fazer armadilha contra o jornalista
A acentuação do atribuído descontentamento de JES terá sido notada numa reunião informal com os seus conselheiros, no passado dia 16 de Julho. A apreciação que se atribui aos colaboradores de JES, indica que os mesmos acharam que as palavras do PR, neste dia, estavam parecidas a um apelo que orienta retaliação contra o referido jornalista.
Na mensagem que flui em meios intermédios do regime (Serviços de Inteligência e Justiça), há o subentendido segundo a qual deve se avançar com um processo que visa verificar lacunas nos referidos relatórios como medida de provocar um cenário que arraste Rafael Marques para as barras do tribunal e eventualmente enveredarem por uma maldade contra o mesmo.
O alegado “apelo de retaliação” contra Rafael Marques coincide com as posições de um membro do Bureau Político do MPLA, Rui Falcão que recentemente apelou aos órgãos de justiça para estudarem as denuncias feitas por Marques contra figuras do circulo presidencial (“Kopelipa”, Manuel Vicente e Leopoldino do Nascimento).
Em meios conhecedores aos métodos de acção do regime angolano entendem que o apelo de Rui Falcão foi de dar “luz verde” a justiça angolana para accionar ou procurar “gaffs” que sirvam de argumentação para prender o jornalista e posteriormente molestá-lo conforme vontade do regime.
De acordo com estes meios, o regime angolano sofisticou os seus métodos de acção contra adversários e ao recorrerem por esta via do acionamento de um processo legal, a sociedade civil não ira condenar o regime sob alegação de que “Rafael Marques é quem provocou as figuras do regime”.
Resumos dos sinais verificados:
- Atribuído apelo de retaliação por parte de JES
- Apelo de Rui Falcão aos órgãos de justiça
- Inicio de campanha apresentando o jornalista como “mau feitor” - No Domingo, 29 Agosto, o DG do Jornal de Angola, José Ribeiro, escreveu um texto dizendo que os corruptos eram aqueles que se metem contra “Kopelipa”, Manuel Vicente e Leopoldino do Nascimento. O texto de Ribeiro é visto como uma orientação destinada a popularizar a idéia de que há alguém que “se meteu contra o regime”.
Em finais da década de 90, Rafael Marques foi preso por ter escrito um texto intitulado “O Batom da ditadura”, em que criticava o PR José Eduardo dos Santos. Foi preso sob alegado crime de calunia e difamação. Na altura, varias organizações internacionais e governos pressionaram o regime angolano para libertar o jornalista. Personalidades estrangeiras que escalavam Luanda para serem recebidas pelo PR, quando saiam do palácio presidencial manifestavam pretensão em ver o preso. Não obstante as argumentações jurídicas, as autoridades acabariam por tirar-lhe do cativeiro após terem notado que estavam a fabricar um mártir.
Desde então JES passou a ser identificado como individualidade que teria saído derrotado com a libertação do jornalista. Uma possível retaliação contra Rafael Marques poderá ser vista como reposição da honra do PR.