É esse tipo de pessoas, e homens, que às vezes surpreendem o intelecto humano, instigando assim a renovação e o questionamento de certas regras, normas, conceitos, princípios e até definições. Miguel Nzau Puna e a sua turma, possivelmente, estão nessa lista de homens que surpreendem a todo bom questionador e crítico.
É baseado no comportamento desses homens que vamos aqui arriscar uma definição de política, sem querer igualar-se a tantas que já existem por aí, sem mesmo ter pretensão de superar algumas delas, é a modéstia que caracteriza quem escreve estas linhas. Assim, política: é a capacidade de regeneração, quando de preferência existe o entendimento comum ou, mesmo, quando estamos diante da barbárie; perante os instintos incontroláveis do ser humano e que às vezes levam o mesmo à atos que toda sociedade rejeita (a barbárie); o juízo, a consciência e a razão devem ser a esperança possível (e certa) para o entendimento. E é talvez a partir desse entendimento que se começa a fazer de novo política de verdade.
E foi isso o que em 1992 Miguel Nzau Puna e outros conseguiram fazer. O que prevaleceu e restou daquele ano, sombrio, foi essa transformação, esse discernimento, essa regeneração acompanhada de razão e consciência. Se algo vale a pena recordar nessa breve história de Angola foi aquela conferência de prensa dado pelo mesmo( e outros) no Hotel Presidente em Luanda às vésperas das eleições.
Naquela época mais do que uma simples entrevista e/ou conferência de prensa foi um aviso de quem estava cansado de lidar com a atitude incontrolável do falecido guerrilheiro de Mwangai. Mais do que um aviso Nzau Puna teve a infelicidade de dar as primeiras badaladas, tocar o sino. Era a única coisa que se podia fazer naquele ano de 1992, e esperar.
A desgraça, o susto, o arrepio, o medo não estava na ignorância das pessoas em saber, o que já se suspeitava e quase já se sabia, do que ia acontecer. A situação sombria, de medo, de pessimismo e espanto estava na certeza que o mesmo trazia na sua narração tão certeira, como o badalar de um sino que anunciava o inicio de uma época (uma década) que a nação iria atravessar. Uma travessia (no tempo) sangrenta que custou a vida a outros milhares de angolanos. Esse sino que foi tocado por ele e outros que foram a tempo de desertar com vida e de maneira gloriosa das garras do falecido guerrilheiro.
Agora, como preenchimento dessa glória, chegou em boa hora o convite para fazer parte do grupo de deputados que vão fazer parte da Assembléia Legislativa. E o grande mérito consiste em militar nas fileiras do grande “M”, fazer parte da bancada parlamentar desse partido. Essa é a prova de que para se reconstruir um país as divergências, qualquer que sejam elas, estão sempre abaixo dos grandes princípios que devem nortear os angolanos e a nação inteira: que é o de Unidade Nacional, o da Indivisibilidade naquilo que hoje( e para sempre) temos como definição do que é Angola.
* Nelo de Carvalho
Fonte: www.a-patria.net