Luanda - “...Um plano só é sábio, quando permite uma colaboração frutífera, propiciando ao máximo à liberdade individual, a irradiação da pessoa no quadro do civismo, as constantes psicológicas e biológicas, podem sofrer influência do meio, sendo as situações geográfica, topográfica, econômica e política fundamentais na realização plena da  pessoa humana ....”
 

Fonte: Club-k.net


A Cidade não, mas do que uma parte do conjunto econômico, social e político que constitui a região que, em nosso entender, não é mais do que à unidade administrativa coincidindo com a unidade geográfica, e a região. O recorte territorial administrativo das cidades em alguns casos são considerados como arbitrárias desde o seu início, em decorrência do seu crescimento, à aglomeração principal unindo-se as outras comunidades e depois das  englobar, este recorte artificial se opõe a uma boa gestão do novo conjunto. De fato, certas comunidades suburbanas puderam adquirir de forma inopinada, num valor imprevisível positivo ou negativo, seja tornando-se sede das residências luxuosas, tanto acolhendo centros industriais dinâmicos, ou reunindo as populações depauperadas. 


Os limites administrativos que compartimentam o complexo urbano vão se tornando paralisante, por exemplo, na aglomeração que constituem o núcleo vital de uma extensão geográfica cujo limite é constituído pela zona de influência de uma outra aglomeração, as suas condições vitais podem ser determinadas pelas vias de comunicação que asseguram as suas trocas ligando-se intimamente na sua zona particular. Só se pode em nosso entender, enfrentar um problema de urbanismo quando se faz referência constantemente aos elementos constitutivos da região e, principalmente, a sua geografia, que pode ser chamada a desempenhar um papel determinante na questão das linhas de divisão de águas, dos morros vizinhos que são desenhados em contornos naturais, confirmados pelas vias de circulação, que são naturalmente inscritas no solo.


O plano de uma cidade pode ser um dos elementos que constituem o plano regional, justaposto ao econômico, social e o político. Os valores de ordem psicológica e fisiológica são próprios do ser humano, e podem ser introduzidos nos debates acadêmicos em Angola. As preocupações de ordem individual e colectiva podem e ser conciliados, pelos dois princípios contraditórios que regem a personalidade humana que são o individual e o colectivo. 


A situação geográfica e a topográfica, têm o caráter dos elementos tais como a água, a terra, da natureza, do solo e do clima. A geografia e a topografia desempenham um papel considerável no destino dos homens, não se pode esquecer que o próprio sol comanda a vida, impondo a sua lei a todo empreendimento cujo objectivo seja a salvaguarda do ser humano, as planícies, colinas e montanhas contribuem também para modelar uma sensibilidade, e determinar uma mentalidade. 


A situação econômica, a riqueza ou pobreza, fazem parte das grandes forças da vida, determinando-lhes o movimento na direcção do progresso ou da regressão. Elas desempenham o papel motor que, de acordo com a força das suas pulsações, introduz a, prodigalidade, aconselhando à prudência ou impondo a sobriedade; ela condiciona as variações que traçam a história da aldeia, da cidade ou do país. A cidade cercada por uma região coberta de cultivos terá o seu abastecimento assegurado. Aquela que dispondo de um subsolo precioso que se enriquece com matérias que os podem servir de moeda de troca, sobretudo se ela for adoptada de uma rede de circulação suficientemente abundante para lhes permitir entrar em contacto útil com os seus vizinhos próximos ou distantes. A tensão da engrenagem econômica, embora dependa em parte de circunstâncias invariáveis, pode ser modificada em cada momento, pelo aparecimento de forças imprevistas, que por acaso ou por iniciativa humana podem tornar produtivas ou deixar inoperantes. Nem as riquezas latentes, que é preciso querer explorar, nem a energia individual têm caráter absoluto. Tudo é movimento, e o econômico, afinal, é sempre um valor momentâneo.

 

A situação política, o sistema administrativo são fenômenos mais variáveis do que qualquer outro, constituindo num sinal de vitalidade de qualquer país, sendo a expressão de uma sabedoria aquela que atinge o seu apogeu ou toca o seu declínio. Se a política é de natureza essencialmente variável, o seu fruto e o sistema administrativo devem quanto a nós possuir uma estabilidade natural, permitindo-lhe, ao longo do tempo, uma permanência maior e não autoriza as modificações muito frequentes.


A expressão da dinâmica política, a sua duração pode ser assegurada pela natureza e pela própria força das coisas. É um sistema que, dentro dos limites podem ser muito rígidos, corrigindo uniformemente o território e a sociedade, impondo-lhes os seus regulamentos, na actuação dos regulamentos sobre todos os meios de comando, determinando as modalidades uniformes de ação. Esse quadro econômico e político, cujo valor embora tenha sido confirmado pelo uso durante certo período, pode ser alterado a qualquer instante  numa das partes, ou no seu conjunto. Algumas vezes, basta uma descoberta científica para provocar uma ruptura de equilíbrios, para fazer surgir a incompatibilidade entre o sistema administrativo de ontem e as imperiosas realidades de hoje. Pode ocorrer que algumas comunidades, que souberam renovar o seu quadro particular, sejam asfixiadas pelo quadro geral do país.

 


Cláudio Ramos Fortuna


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Urbanista