Luanda - Assistimos a uma crescente onda de manifestações e posicionamentos alegadamente com o fito de “resgatar os valores morais e cívicos” que se terão perdido ao longo dos anos. Obviamente que é uma atitude louvável…uma “luta” que merece a adesão incondicional de todos.


Fonte: Club-k.net


Há de facto urgente e inadiável necessidade de se inverter o quadro actual, no que aos valores cívicos, éticos e morais diz respeito.

Penso mesmo que se deverá começar com acções de base nas escolas e no seio familiar só assim, poderemos ter resultados a médio e longo prazo, porque a curto prazo não há mais esperança que se altere este cenário!


No meio do “fervor revolucionário” pelo resgate dos valores morais e cívicos, se vão assistindo acções desconexas e que demonstram alguma falta de orientação.


Só assim se pode entender que uma estação radiofónica da capital passe anúncios que publicitam uma cerveja, em horário considerado nobre, pois está na mesma altura a ser emitido o noticiário daquela estação emissora. Acho, muito estranho e até incompreensível que se promova o consumo de uma bebida alcoólica, no caso esta cerveja, durante o dia e num horário nobre, quando nos outros cantos sérios deste planeta a publicidade deste tipo de produto passa em horário não privilegiado.


O outro caso digno de estudo em laboratório, é o anúncio de uma bebida que se crê energética,  este emitido por pelo menos dois canais diferentes de TV, e retrata a reacção de um indivíduo que ao saber, pela mulher, da visita da sogra idealiza amarrá-la à linha férrea.


Felizmente não concretiza a sua macabra intenção. Como que acossado por uma crise de consciência o homem detém-se! Sol de pouca dura…


Ele pensa e descobre que pode resolver a sua “maka” dando à senhora a tal bebida.


A sogra depois de a consumir, ganha asas e sai a voar pela janela da casa do genro…


Ora, numa sociedade em que os seus mais lídimos representantes do povo falam em resgate de valores morais, como se pode permitir que comportamentos reprováveis como estes sejam motivo de anúncios publicitário em estações de rádio e de TV?


É justo um genro que não queira a visita da sogra, Mãe da Sua Mulher, arquitectar a sua morte atroz, prendendo-a á uma linha de caminho de ferro ou deliciar-se com o cenário de a ver partir com asas após ingestão de tal bebida?



Qual é o valor que queremos transmitir aos nossos filhos e irmãos quanto ao lugar que a Mãe e a nossa sogra ocupam na relação conjugal?



Será que o hipotético sujeito (da publicidade) não é filho, também, de uma mulher e esta, por sua vez, será ou é sogra de alguém?  E se assim for, seria de bom grado que o seu cunhado ou cunhada projectasse a morte da sua Mãe nos mesmos moldes e cenário com que ele engendrou e preparou o “despacho” da sua "querida sogra"?


Com este tipo de comportamento, não estaremos, ainda que indirectamente, a passar a mensagem de que a sogra é um elemento nocivo e mesmo sendo Mãe da nossa mulher ou do marido, deve ser mantida á distância, privando-a do convívio com os netos e outros parentes?  

Sendo verídico que se queira resgatar alguma coisa…no caso os valores morais, éticos e cívicos, urge a criação de mecanismos que permitam o resgate de FACTO!


O dinheiro pago por quem faz tais anúncios não pode justificar esse mergulho no enlameado com que hoje somos obrigados a privar!



Alfredo Carima