Lisboa –  Kundi Paihama,  ministro dos Veteranos de Guerra de Angola, notabilizado por se apresentar como combatente contra “sinais de  opulência” no regime angolano, está  a ser criticado em círculos que o acompanham    pela “fantasia” que teve em gastar  50 mil dólares na  compra de um  sofisticado relógio de pulso,  no decorrer de uma recente  viagem   a de férias  Suíça. 


Fonte: Club-k.net


“Para quem já foi supostamente um fervoroso defensor da palavra de ordem ‘o mais importante é resolver os problemas do povo’  e apresentou-se bastas vezes como o incansável combatente da pequena burguesia, são gestos que não ficam nada bem. Quanto mais não seja pelo facto de em muitos lares angolanos ainda grassar a mais franciscana das pobrezas.”, lamentou uma personalidade que acompanha o assunto.


Ainda de acordo com  a  personalidade que  se mostra  desiludida com o dirigente:  “apesar de durante muito tempo ter passado a imagem de um homem recto e defensor dos mais carenciados, Kundi Payhama,  em nada difere da generalidade dos seus pares do governo no que a opulência diz respeito.”


As criticas que se faz a Paihama são extensivas ao seu lado de criador  de  cães, e é nesta faceta que o referenciam   como tendo-se enaltecido reiteradas vezes, em círculos privados, que a cada duas semanas sacrifica um boi da sua farta manada para alimentar a selecta matilha, onde só cabem exemplares das mais distintas raças caninas.


Kundi Paihama:  "Tudo que consegui foi com suor e sacrifício"

Em recente entrevista ao OPais, o governante falou abertamente da sua fortuna, do relógio Rolex, e outras cujo estratos principais publica-se na integra.


Quem é o cidadão Kundi Paihama?

As pessoas já me conhecem (risos). Mas é muito difícil nos caracterizar. Sou um cidadão, não digo anónimo porque sou uma figura pública. Disponibilizei-me desde pequeno, tinha 15 anos quando ganhei consciência de que devia participar na luta. Até hoje, apesar de ser chefe e com o estatuto que tenho, mas considerome um servidor do meu povo. Não tenho vaidades, não tenho ilusões. Toda tarefa que me for dada serve. Em termos de amizade não tenho muito por onde escolher, não distingo classes nem raças ou tribos. Acho que sou um cidadão normal deste país.


Já passou por vários cargos e ministérios. Em termos pessoais o senhor sente-se realizado?

Bom, isso de realização depende. Fui ministro sete vezes, estive em quatro províncias como governador, sou membro do Bureau Político do nosso partido e deputado à Assembleia Nacional, mas de momento estou no Executivo.


Às vezes as pessoas me perguntam: o que mais te marcou? Às vezes estou num consulado como chamam agora, acho que agora, sim isso me marcou mais, mas quando passo numa outra área sinto que de facto ali, se calhar, foi melhor ou pior. Acho que só quando perder forças é que me posso avaliar se estou realizado ou não. Estamos realizados porquê? Por causa do poder político, o salário que a gente tem ou porque temos algum dinheiro? Não vejo bem isso, porque estou sempre à procura também.


Estaria muito bem realizado se estivesse descansado. Não digo que tenha ou que seja rico, mas quando vir minimamente todo o cidadão angolano com uma certa capacidade de poder andar com as suas próprias pernas, tanto seja do ponto de vista económico ou social, nessa altura, eu diria também que estou realizado. Mas enquanto tivermos estes constrangimentos que vivemos hoje, alguns por culpa das próprias pessoas, acho que não estou. No meu kimbo há um ditado que diz que “se dermos uma canelada aqui (o ministro indicou uma das pernas), até o ombro sente”. Portanto, não sou egoísta e deixa-me dizer que gostaria de ver todo o mundo melhor.

Tem negócios?

Tenho alguns.

Disse em tempos que parte do rendimento vinha de uma casa arrendada que pertenceu à sua família. Ainda conta com este dinheiro?

Era da minha mãe, mas a casa agora é da família. Quando a velha morreu sempre tive aquilo como herança da família.

 

Ainda conta com os proventos do arrendamento da casa da falecida mãe?

Claro, é o dinheiro que deu azo a tudo, é a raiz. Foi com esse dinheiro que comecei a fazer as minhas fazendas. E foi crescendo. É como quem diz que essa árvore era uma raiz pequenina, ainda utiliza essa raiz? Claro, pode dar fruto mas saiu da raiz. Portanto, esse dinheiro não é um milhão, é perto de 400 mil dólares que foi crescendo, crescendo e multiplicando. Hoje tenho fazendas, gado, agricultura, equipamentos, tractores e outras coisas. Cresceu a partir daí. Mas hoje vim agregar outros negócios, eu pertenço, por exemplo, aos casinos e não escondo isso. Pertenço ao BANC. Estou à procura agora de formas para multiplicar o meu gado, para que amanha venha a fazer vendas rotativas.


Eu, por exemplo, não vendo gado, mas comprei muito. Não vendo porque quero proliferar de forma que tenha X cabeças de gado e venda X milhares por ano. Neste momento vou fazendo isso. Acho que os angolanos não podem ter o complexo de que não podem ficar ricos. Tive uma educação missionária, era tudo pecado, pecado, pecado. Quando os tais que eram maiores voltaram para a Suíça levaram tudo. Depois não digo que fui comunista, mas sim marxista-leninista e só vivia do salário. Mas afinal o salário não resolve tudo. Se posso desenvolver uma outra actividade, não o faço porquê? Todo fim-desemana não estou em Luanda, estou no interior a trabalhar. Então vou trabalhar para ser pobre? Não, vou trabalhar para ser rico, para usar um bom relógio Rolex, uma boa mascote de ouro, uma gravata de marca. Então vou trabalhar, porque essa ideia que nós os africanos temos, dizer que não posso ser rico, não. Não posso ser rico a roubar, isso não. Desde o berço da minha mãe não sei colher onde não semeei, tudo que tenho foi ganho com suor e com sacrifício.