Lisboa - Perdoem-me mas há assuntos que não posso calar! E Angola é um deles! Em 2002, estava eu em Luanda, e o William Tonet veio-me mostrar um artigo do Publico, onde eu era referido como me tendo “passado para o MPLA”, para fazer negócios com o MPLA, traindo a UNITA…
Fonte: coisasdehoje.blogs.sapo.pt
Estava em Luanda a dar a cara, e o físico todo diga-se, derrotado, em nome de uma luta pela Democracia que fora derrotada pelos interesses petrolíferos e diamantíferos..
A partir desse mesmo dia, se o MPLA me quisesse ter morto, eu estaria morto sem dó nem piedade e sem a protecção de ninguém, nem da UNITA, já que o “democrático” Publico me apresentava como me tendo “passado” para o MPLA, sem mais, em nome de afirmações de “alguém” que não era citado claro! (mas que desconfio quem tenha sido…)
Respondi.
Numa entrevista ao FOLHA8, no sábado imediato, assumi-me como era, savimbista, mesmo ali em Luanda, em 2002, assassinado Savimbi, derrotada a UNITA, e acusando os que na UNITA a tinha traído, a dita “unita renovada” e companhia limitada.
Ninguém me matou, claro.
Mas fiquei, claro, mais isolado, o que não me incomodou, pois estar só é o que mais sei fazer…
A UNITA estava derrotada e, de qualquer forma, não era um Joffre Justino qualquer que levantaria qualquer problema, pelo que a maldade daquela noticia no Publico ficou como era, uma vingança de alguém sobre mim, que sempre defendera a Democracia em Angola!
Mas a noticia queimou a minha imagem, por completo, na UNITA e entretanto, esta, a pouco e pouco, foi-se desvirtuando, sendo hoje um lamentável apêndice do regime, apesar de esforços de mudança de muitos militantes e de alguns dirigentes da UNITA, passando a ser o apêndice que faltava, a UNITA ligada à Internacional Democrática do Centro, completamente domesticada, deixando de ser a UNITA socialista humanista de Savimbi.
Saí por isso, em 2005 da UNITA, após o fracasso do Congresso de 2004, em Declaração publica, mas continuei o meu Combate por uma Angola Democrática!
Apoiei e continuarei a apoiar todas as movimentações de Angolanas e Angolanos pela Democracia, mas nunca alinharei em discursos anti angolanos.
E o feito na RDP e na RTP foram discursos anti angolanos pois, na verdade, há que distinguir a necessidade de uma Angola no seio da CPLP, de uma Angola onde o enriquecimento não se faça somente à custa dos interesses chineses, da premência em que haja uma Angola onde exista a redistribuição dos Rendimentos, de uma Angola onde as Oposições tenham a Palavra e a Acção, de uma Angola onde a mexicanização do regime tenha finalmente terminado.
Eu estive dois anos proibido de ser remunerado, proibido de trabalhar, proibido de viver na realidade, por “atividades politicas”, nada mais, segundo relatório da ONU, transposto para a União Europeia e para o Estado português!
Houve quem me tivesse apoiado, João Soares, Telmo Correia, Oliveira Martins, Miguel Anacoreta Correia, e mais uns poucos, e houve quem me tivesse dito “quem te manda teres-te metido com terroristas”, como houve, anos depois, quem me tivesse “recuperado”…
Não, não irei apoiar quem hoje ataca Angola, mas se silencia quando em Angola, no Huambo, morrem Pessoas, ainda hoje, por serem da UNITA e nada mais.
E tudo se silencia.
Posso olhar de olhos nos olhos para José Eduardo dos Santos, Presidente da Republica de Angola e perguntar-lhe “ porque é que o teu partido não me dá a nacionalidade angolana que pedi há mais de 7 anos?”, sem vergonha nenhuma pois não devo nada a ninguém, na verdade o certo é que muitos devem a mim e às instituições onde laboro, com o que perdi dadas as minhas opções e as minhas lutas.
Posso defender William Tonet e dizer que, por mais erros que ele tenha cometido, (não os conheço mas aceito que tenham existido, humano que ele é), ele tem a liberdade para se expressar livremente, sem ter que ficar num Tribunal horas a fio de pé em tortura da estátua.
Posso defender a greve da fome do ex secretário geral da UNITA, Nunda, feita no Huambo, em defesa de populações que exigem Dignidade.
Posso estar nas manifestações de Angolanos em Lisboa em defesa da Democracia para Angola e da libertação dos Jovens presos nas manifestações em prol da Democracia em Angola.
Mas recuso-me a estar ao lado dos que atacam o PR de Angola por razões que não beneficiam a Democracia, nem a luta democrática, nem os interesses da CPLP, mas sim interesses que desconheço até quais sejam.
E, estando na Oposição em Portugal também, socialista que sou, não me parece adequado atacar um programa televisivo onde a relação entre Angola e Portugal podia sair reforçada, o que sem duvida reforçaria a relação entre Angola e o chamado ocidente, em detrimento da relação entre Angola e a RPChina!
Lamento, mas é assim que penso!