Luanda - Com o passar dos tempos, Angola - a nossa querida e bela terra mãe - transformou-se numa paciente cuja diagnóstico clama por sangue novo. Contudo, ela precisa de um sangue muito especial. De gente que a ame, que lhe socorra nos momentos de apuros e aflições e lhe permita acolher os frutos que ela sofridamente brota. Para sorte dela, há quem a acode.
Fonte: Club-k.net
Os jovens (sim!! os jovens!!), pela sua coragem e audácia, e pela firmeza das suas ações e convições, têm injectado sangue novo à nossa relação individual com o futuro político, social e económico do nosso país. Exemplo de novos ares a mover-se sobre nós é o primeiro Encontro Provincial da Juventude de Luanda, promovido pelos lideres das recentes manifestações de 2011 em Luanda, cuja actividades centrarem-se, segundo eles, em enriquecer o “intelecto político e social dos jovens” em relação as ações do regime ou governo, se quiser.
Porém, o que mais me chamou atenção a esta ação de cidadania foi a mudança na estratégia usada por estes jovens para driblar o regime. Em vez de usarem, como têm-no feito, as ruas e as manifestações, para terem as suas incansáveis vozes ouvidas, estes jovens têm comunicado as suas ideias directamente à outros jovens. Este ação, a meu ver, é revolucionária em si mesma.
Durante muitos anos, devido as suas raízes marxistas e comunista, o MPLA tem usurpado o espaço de opinião pública nacional, votando o espaço de ideias a si mesmo. Como uma música, elas tocavam imparavelmente. Felizmente, os revu, como foram designados pelo regime, têm invertido este penoso cenário. Aos poucos, eles têm abrido as “vistas” aos outros jovens a quem o regime não quer que “vejam”, alertado o pensamento critíco à aqueles jovens a quem o regime não quer que pensem e a questionar à aqueles a quem o regime não quer que se questionem a si mesmos, preferindo “dançar” a música empeliana. Este tipo de ação representa uma evolução na mudança de consciência dos jovens perante a situação político no país porque não basta somente manifestar-se ou exigir direitos mas, igualmente, conscializar-se do que se deve exigir e, deste modo, legitimizar as suas ações.
Se a este movimento juvenil juntar-se a sociedade, essa aliança pode lidar inevitavelmente a um acto revolucionário - todavia, não como aqueles ocorridas na Tunísia e no Egipto - mas, uma revolução seca da qual o regime teme: Uma completa rejeição as ações do regime - desde o tráfico de influências entre JES e os seus filhos, a depilação ao erário público, a entrega de instituições públicas à filhinhos de papais, e a permanência da pobreza perante tanta riqueza, etc. Práticas que de um tempo a esta parte podem tornar-se intolerável, principalmente, num tempo em que as riquezas geradas pelo petróleo têm feito pouco ou nada para dimimuir a extrema pobreza e desigualdade social entre os ricos - riquissimos - e os mais pobres que nos assola anos após anos, dia após dia, noite após noite, e que os angolanos limitam-se, devido a memória fresca da guerra, a ouvir, ver e calar e, por fim, cobrem as suas frustações debaixo do sexo, alcool, festas e práticas afins. Chegará futuramente um ponto de saturação.
O outro ponto sobre o diálogo da mudança recai sobre nós mesmos de modo a que, esta evolução no espaço de ideias se expanda. A mudança política em Angola não passará somente pela saída de JES e do seu poder - embora a saída dele e do seu partido do poder é indiscutível e servirá como ponto de partida para uma mudança efectiva no país -, porém, muito de nós - os jovens de ação, de pensamento e criativos - teremos de exigir muito mais de nós mesmos, sob o rísco de deixarmos que um partido político domina e sequestra uma toda nação por gerações, caso nos abdiquemos de exercemos o nossa dever de cidadania; ou seja, deixar que os políticos façam do erário público a “casa da mãe” Joana. Ou mudemos e veremos um futuro diferente ao que vivemos no tempo presente ou, então continuarémos presos aos nossos medos. E nos tempos de hoje exige-se que nós nos libertermos dele urgentemente.
Numa outra nota, as futuras eleições podem ser vistas como um dialógo entre nós e a sociedade.Há menos de 8 meses irémos as eleições presidências e, como de costume, a venda e comércio de promesas (1 milhão de casas), a caida ao populismo e a demagogia (JES é o candidato certo!!), e as campanhas de manipulação (maratonas, chupetas e TPAs) serão os pratos do dia. Nesta epóca de eleições, podemos usá-la como reflexão sobre algumas práticas que nos impedem de mudarmos: o vício do imediatismo e a partidirização das nossas vidas no nosso quotidiano (essas são somente 2 dos muitos e variados pontos que você eleitor pode acrescentar). Se as eleições forem livres e justas, o que parece que não será o caso, de acordo com a constituição, o mandato do novo presidente durará até 2017, ou seja 5 anos. Reflexão da forma de abordar aquelas práticas terá de mudar.
Terémos de trabalhar para aquilo que desejamos. O governo que venha governar o país terá de romper o vício ao imediatismo (seja ele do M, da UNITA, do BD, etc). Teremos de despartidizar as nossas escolhas, decisões e práticas institucionais. Há empresas, e muita delas públicas, somente quem for do MPLA tende a ser promovido. O caso da mama da OMA que “bondou” o filho por este ser da UNITA, devia entristecer a todos nós. Será que esse tipo de comportimentos que queremos?!! Temos de denunciar as “mortes por encomenda” que o regime perpetua e a instalação da prática do medo aos cidadãos. Enfim, temos de perder o medo. Medo de mudar, medo de desafiar a nós mesmos, de confrontar os nossos próprios medos.
Se vencermos o medo, ai, sim, nós - você - mudaremos; Angola mudará e ela agradecerá.