Lisboa - Os militares amotinados do Mali anunciaram, esta quinta-feira, numa mensagem televisiva a dissolução de todas as instituições do Estado e a suspensão da Constituição, alegando ter acabado com um «regime incompetente».


Fonte: tvi24.iol.pt


Os soldados afirmaram anteriormente, em declarações à agência noticiosa AFP, que tinham assumido o controlo da presidência em Bamako, após várias horas de combates com a guarda presidencial, e que detiveram os ministros depois de, na quarta-feira, terem ocupado a sede da rádio e televisão estatais.


«Nós controlamos o palácio presidencial», declarou um militar amotinado sob anonimato.


Outro soldado explicou que foram detidas várias personalidades do regime do presidente Amadou Toumani Touré, entre os quais os responsáveis pelas pastas dos Negócios Estrangeiros, Soumeylou Boubèye Maiga, e da Administração Territorial, Kafougouna Koné.


Os militares decretaram o recolher obrigatório a partir desta quinta-feira, anunciou o capitão Amadou Sanogo, que lidera os soldados amotinados, em declarações à televisão pública nacional. Sanogo preside à junta que assumiu o poder sob a designação Comité Nacional para a Recuperação da Democracia e Restauração do Estado (CNRDRE).


O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já apelou à «calma e para que as reivindicações [dos militares] sejam resolvidas pacificamente e com respeito pelas normas democráticas». De acordo com um comunicado da ONU, Ban Ki-moon «acompanha com profunda preocupação o desenvolvimento da situação no Mali», onde um golpe de Estado parece estar em curso.


O secretário-geral da ONU «renova o apoio das Nações Unidas à ordem constitucional no Mali», conclui a nota.


A França deseja a realização de eleições «o mais depressa possível», declarou o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé. «Condenamos este golpe de Estado militar, porque defendemos o respeito das regras democráticas e constitucionais. Apelamos ao restabelecimento da ordem constitucional, a eleições, que sejam agendadas para abril, que sejam realizadas o mais depressa possível para que o povo do Mali se possa exprimir», disse o ministro em declarações à rádio Europe 1.


O Mali, antiga colónia francesa, tem este ano prevista a realização de eleições presidenciais, cuja primeira volta está programada para 29 de abril.