Luanda - Josefa Luís ANTÓNIO Neto completou a 23 de Abril último 90 anos de idade. Motivo para que no passado sábado, 28 de Abril, fosse objecto de uma homenagem da parte dos filhos, netos, bisnetos, demais familiraes e amigos.

Fonte: NJ

Os noventa anos de JLN

Mãe de oito filhos (um faleceu na década de 80), entre os quais os políticos Alberto Neto (presidente do PDA) e Luís Neto Kiambata, de 23 netos e de 25 bisnetos, Josefa Neto foi participante na luta contra o colonialismo português, o que lhe valeu cerca de um ano de prisão nas masmorras da PIDE-DGS.


Em 1968 foi presa juntamente com outras 15 companherias das lides religiosas na Igreja Metodista Unida, em Luanda, sob acusação de apoiarem acçõs subversivas contra o poder colonial da altura.


Tal como as suas companheiras, durante o período de detenção, na cadeia de São Paulo, foi sujeita a sevícias físicas por parte dos agentes da PIDE e seria libertada a 10 de Junho de 1969.


Curiosamente, dias antes, um dos seus filhos, Luís Neto Kiambata, também já envolvido nas lides nacionalistas, participou numa das acções mais espectaculares da luta contra o colonialismo em Angola.


Com efeito, a 4 de Junho de 1969, Luís Neto Kiambata, juntamente com Diogo de Jesus e Manuel (Nelito) Soares, todos membros da estrutura clandestina do MPLA em Luanda, desviaram uma avião comercial da DTA (a antecessora da TAAG) que fazia o trajecto entre Luanda e Santo António do Zaire (hoje Soyo).


Após alguns minutos de tensão dentro do avião, sobretudo quando um funcionário da PIDE tentou impedir a acção dos “piratas”, ousadia que seria neutralizada por Diogo de Jesus com o disparo de um tiro para o ar, o aparelho, um DC 3 (vulgo Dacota), aterraria em Ponta Negra (Congo-Brazaville), onde os três jovens pediram asilo político e juntaram-se ao MPLA.


Este acto teve o apoio em terra de Juca Valentim, então funcionário dos Serviços de Aeronáutica Civil e que acabaria fuzilado na refrega do 27 de Maio de 1977.  Valentim e quase todos os membros do Comité Regional de Luanda, a estrutura clandestina do MPLA na capital, seriam presos pela PIDE.


Entre eles estavam Alberto Correia Neto (hoje embaixador na Alemanha), Aldemiro da Conceição (porta voz do PR), Vicente Pinto de Andrade e Justino Pinto de Andrade.