A cimeira de Lusaka representou um evidente - embora imperceptível - sucesso para a diplomacia angolana, se analisado no contexto do complexo processo de crise zimbabweana e das responsabilidades particulares de cada Estado na região. Porém, visto sob o prisma que se habituaram a observar os acontecimentos alguns analistas nacionais que se identificam com o maldizer à coberto de uma linha de oposição ao poder instituído, a posição unanimemente adoptada pela cúpula da SADC seria um caso de bajulação dos líderes regionais africanos ao Presidente de Angola. A falta de integridade que grassa no meio da comunicação social angolana tem infelizmente destas coisas perfeitamente aberrantes.

Em alguns círculos da comunicação social de hoje a grandeza de espírito é condenada e as boas práticas são omitidas. O sucesso conseguido com grande sacrifício é desvalorizado e o insulto aberto ganha o estatuto de normalidade. E a oposição, no caso a UNITA de Samakuva, esta que a muito custo aceita os elogios merecidos pelo Presidente da República, interpreta-os negativamente ou procura desprezá-los.A mais pequena referência à liderança dos destinos nacionais por José Eduardo dos Santos, reconhecida e elogiada por todo o lado, é interpretada como um pecado capital, como um acto de bajulação por pessoas que prestam um mau serviço à profissão que propalam ter abraçado.


 E não são poucos os que prezam pelo respeito à figura do Presidente da República. Não por nada, mas porque acreditam que a viragem que Angola deu muito deve à visão e ao papel do Presidente, e porque a sua continuidade constitui uma garantia de unidade e estabilidade nacional. E porque são muitos, estaríamos todos, a crer nos analistas de fim-de-semana, rodeados de grandes bajuladores. Desde militares, paramilitares, políticos, empresários, administradores, governadores, desportistas, artistas, voluntários, jornalistas (os verdadeiros), estudantes, professores, embaixadores. Estaríamos todos, constantemente, a dar “tiros nos pés”, para utilizar a expressão infeliz de um dos autores da tese absurda e disparatada da bajulação.

O mais grave nisso tudo é que, ao mesmo tempo que espezinha injustamente a personalidade e a dignidade nacional, os críticos do fim-de-semana fazem o elogio das mais baixas práticas sociais e comportamentos indignos a respeito de pessoas com responsabilidades sociais, o que não contribui para a credibilização da nossa vida pública. Recordo-me, de passagem, do caso de um cidadão que foi vítima de escutas ilegais, que é uma prática a todos os títulos condenável. Ora, os nossos analistas de fim-de-semana, em vez de a condenarem com veemência, elogiaram tal prática e atacaram a vítima. Lembro-me também do recente caso do desabamento do prédio da DNIC, em que os mesmos críticos atacaram o chefe dos Serviços de Protecção Civil por ter louvado o incentivo dado pelo Presidente da República às operações de salvamento, no momento em que se estava perante um acidente grave.

A tendência para tudo pôr em causa e não importa como, até o que há de mais sagrado, que ressurge com bastante clareza reflectida nas páginas da imprensa dos fins-de-semana, nos discursos da oposição irresponsável e nos círculos hostis a Angola sediados no estrangeiro, num sistema que funciona em mútua alimentação, afigura-se perigosa para o projecto de consolidação da paz e reconciliação da Nação.

 Terão noção das consequências de semelhante tipo de comportamento os que assim agem? É evidente que esse exercício, travestido de uma pomposa roupagem intelectual e ridícula, que cobre como espuma barrenta a comicidade da imprensa do fim-de-semana, tal como muitos outros exercícios lançados para a praça pública, não faz nenhum sentido, não tem razão moral nem política para continuar a existir. Serve apenas para através da confusão propagar o vírus da intriga e da discórdia.

Fonte: Jornal de Angola