Na seqüência dos dizeres do Juiz Chris Nicholson a juventude do ANC desencadeou uma onda de protesto pedindo a cabeça do estadista sul africano levando mais a frente o comitê executivo do partido no poder na África do Sul a reunir-se na semana passada na qual pediu a Thabo Mbeki que se demitisse das chefias de presidente do pais.
 
Mbhazima Shilowa,  Governador provincial de Gauteng  e ex líder do ANC,  na mesma localidade havia criticado as declarações do Juiz Chris Nicholson, alertando que era apenas uma opinião pessoal sem sustentação jurídica e que não deveria influenciar as decisões do partido no poder. "espero que quando o ANC debater o assunto saiba separar facto de opinião" disse, observando que o ANC vem defendendo uma transição pacifica. Por isso lembra "o Vice Presidente [do ANC] havia sido nomeado Ministro sem pasta".
 
Por seu turno, assumindo-se como militante disciplinar como disse na sua mensagem televisa a nação,  Thabo Mbeki afirmou que faria o que o partido solicitasse. Na mesma comunicação  desmentiu que ele ou que alguém do seu gabinete tivesse  interferido na investigação sobre alegações de corrupção contra Jacob Zuma.
 
Vice-presidente do ANC substitui  Mbeki
 
Em substituição de Thabo Mbeki, o ANC anunciou que o seu  vice-presidente, Kgalema Motlanthe, passara a ser o novo Presidente  interino até as eleições gerais de abril de 2009. Zuma, que é o sucessor natural de Mbeki não podia se-lo ainda por questões constitucional. Primeiro: teria de estar como membro do parlamento e depois ser nomeado Presidente da Assembléia. Segundo: ele enfrenta problemas judiciais. Terceiro: ele próprio não aceita porque tem deixado claro que  prefere entrar na presidência passando pelo escrutínio popular.
 
No inicio desta semana, o nome da Presidente do parlamento Baleka Mbete foi bastante citado como provável inclina a  assumir interinamente a chefia do estado sul africano, o que não veio a acontecer. O ANC escolheu Kgalema Motlanthe, considerado como um dos principais estratégas do partido.
 
Antes de ser  nomeado Vice Presidente do ANC, no ultimo congresso Motlanthe era o Secretario geral do respectivo partido. Foi responsável pela sobrevivência política de Jacob Zuma a quem arriscou a sua reputação política defendendo-o nos piores momentos em que o actual líder do partido  respondia em tribunal, isto em 2005. O  nome Motlanthe foi varias vezes ventilado  como um dos presidenciáveis  a sucessão de Thabo Mbeki na liderança do partido. No seu tempo de Secretario Geral, teve a dada altura poder total na administração do partido quando tudo mostrava que  Mbeki e Zuma estavam em lados diferentes.
Realizou-se o congresso, e o rosto de Motlanthe apareceu  como  segunda figura da lista dos candidatos para a  direcção de Jacob Zuma. Deste então passou a ser visto como presumível  futuro Presidente da África do Sul, na condição de Jacob Zuma ser julgado pelos processos judiciais que lhe são atribuídos.
 
Em meados de Maio, os aliados de Zuma faziam pressão para que Motlanthe fosse nomeado Ministro do executivo de forma a segurar uma transição segura. O grupo de Zuma sugeria que ele passasse  a dedicar-se pelos assuntos domésticos  e o Presidente Mbeki ficasse a responder apenas pela política externa ate que o seu  mandato terminasse.
 
Na época, a media sul africana levantava suspeita de que se estava diante de uma estratégia propositada para ofuscar Mbeki do poder. Kgalema Motlanthe entrou para o parlamento, em substituição de um falecido deputado, e mais a frente foi admitido no executivo.
 
A constituição sul Africa advoga que os ministros do governo devem ser escolhidos de entre os membros da assembléia da republica.
 
Renuncia de Ministros gera crise

 
As advertências da oposição sul africana segundo a qual o  pedido do ANC em relação a saída de Mbeki deveria ser acompanhada de uma estratégia para evitar crise política começa a fazer sentido. Pelo menos 14 membros do Governo, apresentaram esta semana pedido de demissão em solidariedade ao Presidente Thabo Mbeki.
 
Entre os membros demissionários, há três vice-ministros e 11 ministros, entre eles a vice-presidente e os titulares de Finanças, Defesa, Inteligência, Empresas Públicas e Administração, que decidiram renunciar depois que Mbeki foi forçado a abandonar a Presidência a pedido de seu partido, o ANC.
 
Há analises que sugerem que a renúncia de mais de um terço dos membros do Governo ameaça a estabilidade política do país. A grande preocupação era a saída do Ministro das Finanças Trevor Manuel. O ANC rejeita que haja crise política, na pratica os efeitos são visíveis. A saída da dupla das finanças começou a ter impacto na economia. A bolsa de Joanesburgo perdeu cerca de 4% do seu valor.  O rands, a moeda local perdeu  igualmente o seu peso para o dólar.
 
Vários analistas econômicos locais advertem sobre a possibilidade de que muitos investidores estrangeiros retirem o seu capital da África do Sul perante o temor de que Jacob Zuma, presidente do ANC  e candidato nas eleições de 2009, mude a política financeira do país. O líder do ANC já garantiu em conferencia de imprensa que  a política econômica "não mudará e continuará  estável e progressista".
 
Desmond Tutu condena ANC
 
O Arcebispo Desmond Tutu, um das figuras mais carismática da África do Sul condenou a forma como o ANC forçou a saída do Presidente Thabo Mbeki. Tutu considerou que a mesma deveu-se a factores de rivalidade. "Estou profundamente chocado porque a nação, o Estado e a Africa do Sul subordinaram-se a um partido político" disse o também Nobel da paz.
 
Por outro lado, muitos partidos políticos e associações declararam igualmente não estarem de acordo com a medida. Membros da oposição chamaram a acção contra Mbeki de "barbárie política" e "vingança" por parte de Zuma. De entre estas vozes esta Mangosuthu Buthekezi, o Líder do partido Inkata que chamou de desastre a conseqüência que resultou na demissão em massa de membros do Governo. Bantu Holomisa, líder do partido UDM considera que o governo esta derreter-se e que este seria o ultimo cenário acontecer.
 
Populares protestaram em frente ao parlamento com cartazes cujos dizeres apresentava lealdade a Thabo Mbeki enquanto outros traziam dizeres impugnando o líder da juventude do ANC Julius Malema, um dos protagonista da sugestão e afastar Mbeki da chefia do Estado.. Na área onde nasceu o presidente demissionário  protestaram igualmente. Parentes seus renunciaram o ANC.
 
A partir da cidade de Mpumlanga o líder do ANC Jacob Zuma pediu aos populares para não entrarem em pânico face a renuncia em massa dos membros do executivo. Advertiu que isto faz  parte da turbulência que ocorre na política prometendo que a situação ira retomar a sua normalidade. "pedimos a nossa população para não entrar em pânico que o ANC esta a gerir esta situação".
 
Jacob Zuma disse ainda no seu apelo que o pedido da saída do Presidente Thabo Mbeki foi dolorosa para o Comite Executivo do ANC mas foi necessária para que o partido e o pais fossem guiado para frente.
 
De recordar que a crise no ANC terá iniciado em 2005 quando Jacob Zuma foi indiciado com processos judiciais. Na altura as pressões populares e de analistas defendiam que Mbeki deveria demitir o então vice presidente para não afectar a imagem do Estado sul africano. Internamente o afastamento de Zuma foi inicialmente visto como uma luta contra a ascensão da tribo  Zulu no poder governamental.
 
Zuma ganhou enorme  solidariedade popular que deixaram de ver o seu afastamento na óptica tribal passando para  perspectiva de que seria uma ameaça a liderança do Presidente Thabo Mbeki que por seu turno era acusado  de se ter distanciado das massas e falhado na execução de algumas políticas voltadas  a esta classe. Realizou-se o Congresso do partido e ambos concorreram para liderança. A Facção de Zuma venceu. Para alguns, o populismo havia triunfando o intelectualismo.
 
*JG
Fonte: Club-k.net