Educar e ilustrar às pessoas os
caminhos e itinerários do MPLA


Afonso Van-Dúnem Mbinda, nacionalista angolano, foi peremptório: “o MPLA não tem nada a esconder. São factos de valor histórico que a juventude e o povo têm de conhecer. Porque se não, o povo não saberá o que é o MPLA, o que vale, o que aconteceu em 1961, 1963, 1964 e mais adiante”.

Com o título “Um Amplo Movimento....Itinerário do MPLA através de documentos de Lúcio Lara”, os dois volumes revelam as forças e fraquezas, ousadias e temores, misérias e grandezas da fase inicial da revolução angolana, conforme sublinhou o escritor e jornalista João Melo, que apresentou a obra, cujo mérito, na sua opinião, reside no facto de se tratar de uma reprodução integral de documentos (cartas, comunicados, relatórios, declarações, bilhetes, entre outros) aos quais Lúcio Lara não acrescenta qualquer comentário ou observação pessoal. Nele encontram-se ainda testemunhos de certos protagonistas históricos, em especial ligados a outras correntes nacionalistas.

“A ideia é vir a público para não só informar, mas educar e ilustrar às pessoas os caminhos e itinerários do MPLA”, realça, Afonso Van-Dúnem Mbinda que representou, na cerimónia, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
“Ao ler o livro ganha-se toda uma riqueza, todo um conhecimento do itinerário do MPLA até o momento, um itinerário histórico em que o Lúcio Lara deu uma grande contribuição. E isso é inesquecível”, reforça.

O secretário para a Informação do MPLA, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”aconselha, principalmente aos estudantes, a lerem os livros, porque os considera “um grande testemunho para compreender o que se passou dentro do MPLA”. Os documentos recolhidos, na sua opinião, ajudam a compreender melhor o MPLA de hoje. “A história do MPLA confunde-se muito com a história de Angola. Por isso, aconselho a todos a lerem e ainda bem que ele ainda está em vida ”, reforça.
Lançado pela Associação Tchiweka (nome de guerra de Lúcio Lara), os dois volumes estão a ser vendidos a 1500 kwanzas cada e surgem na sequência de um primeiro lançado em 1997.

Wanda Lara, filha do nacionalista e que compilou os documentos, explica que o objectivo do seu pai não era a satisfação material, mas a ideia de que os documentos fossem património do povo angolano e que todos tenham o direito de consultá-los. “Ele não recolheu os documentos para ficarem guardados numa prateleira. A ideia era mesmo mais tarde pôr a público”, afirma.
Por isso, a Associação aguarda por apoios para erguer uma biblioteca onde estará todo o acervo bibliográfico e documental de Lúcio Lara. São mais de oito mil livros, 2.500 fotografias e 60 metros lineares de pastas e documentos que serão postos ao público.

Actualmente o Centro de Documentação Tchiweka, localizado na Rua Comandante Stona, no Alvalade, funciona com uma sala de arquivo, um gabinete de trabalho e uma sala de leitura para 15 pessoas.
 
Lúcio Lara disponibilizou, igualmente, parte dos seus documentos à comissão que participou na elaboração da História do MPLA, retratada no segundo e terceiro volumes, recentemente lançados.

* Cândido Bessa
Fonte: Jornal de Angola