Alemanha - Angola passa por momentos decisivos. Nas mãos de um mesmo dirigente por mais de 30 anos, o país lusófono de África que passou por três guerras civis desde 1975, onde morreram cerca de 500 mil pessoas, votou esta sexta-feira (31.08) para eleger o próximo Chefe de Estado. O atual, José Eduardo dos Santos, concorreu à sua reeleição.


Fonte: DW


As eleições gerais desta sexta feira foram criticadas por Wolfgang Kreissl-Dörfler, deputado alemão do Partido Social Democrático (SPD) no Parlamento Europeu. Ele culpou o presidente da Comissão Europeia pela ausência de uma delegação de observadores europeus em Angola.
Um negócio em família


Na opinião dele, o escrutínio decorrerá apenas parcialmente de forma democrática. "Mas o resultado está fixado e muitos votos com certeza foram comprados", critica Kreissl-Dörfler. Entre 1986 e 1987, o deputado alemão trabalhou como perito da Ação Agrária Alemã (Deutsche Welthungerhilfe) em Angola. Em 1992, Wolfgang Kreissl-Dörfler observou as primeiras eleições angolanas como membro da missão da ONU.


O deputado alemão no Parlamento Europeu se mostrou insatisfeito com a forma como decorreram essas eleições gerais em Angola. Para ele, a democracia avança muito lentamente no país africano.


Diz à rádio nacional alemã, Deutschlandradio, que a repressão ainda é violenta em Angola. "É preciso ver que muitos ainda estão traumatizados com as consequências da guerra. É de se esperar que isso mude nos próximos anos. Mas se o MPLA [o partido no poder] ganhar, e parece que vai ganhar, então o José Eduardo Dos Santos ficará por mais dez anos e os clãs familiares irão determinar a vida lá.", alerta.


Kreissl-Dörfler lamenta o fato de a União Europeia ter enviado apenas dois representantes e não uma delegação de observadores às eleições gerais de Angola. O deputado culpa o presidente da Comissão Europeia, Manuel Durão Barroso, que é português, pela decisão: "A culpa é do Barroso, uma vez que Portugal e Angola têm grandes ligações econômicas. Deve-se consolidar o quão bom é o trabalho do regime, que se tem confiança no regime, no MPLA. Mas considero errado."


O parlamentar europeu criticou as condições de educação e infra-estrutura, além da alta corrupção em Angola. Baseado nisso, muitos questionam por que a maioria dos angolanos vota no MPLA, que nas eleições de 2008 recebeu mais de 80% dos votos.


Para Kreissl-Dörfler, a resposta estaria na esperança. "Eles também esperam alcançar alguma coisa. É como em todos os sistemas. Se quer preferencialmente estar ao lado do ganhador." Mas para ele há exemplos históricos de mudanças pouco esperadas: "Também nunca acreditamos que algo mudaria no Egito, na Tunísia, ou na Líbia."