Luanda - As eleições gerais de 31 de agosto em Angola tiveram uma abstenção na ordem dos 40 por cento, indicam resultados preliminares da votação anunciados hoje à tarde pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana. Do total de cerca de 9,7 milhões de eleitores registados, foram escrutinados 5,8 milhões, faltando ainda cerca de meio milhão, segundo os dados hoje avançados pela CNE, que não avança números sobre a abstenção.


Fonte: Lusa

Se todos estes 500 mil eleitores tivessem votado a taxa de abstenção seria de 35,13 por cento. Mas a tendência demonstrada pela evolução da contagem indica que muitos se abstiveram, antevendo-se uma percentagem final acima dos 40 por cento.

Os dados nacionais preliminares da CNE revelam também valores elevados para os votos brancos, que somaram 206 mil (3,54 por cento dos votos escrutinados), e para os nulos, que registaram 119 mil (dois por cento). Nas legislativas de 2008, a abstenção foi de 12,64 por cento, numa eleição que totalizou 287 mil votos brancos e 384 mil nulos.

Os últimos resultados preliminares das eleições gerais de sexta-feira confirmam os valores das actualizações anteriores, com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, à frente do escrutínio com 71,96 por cento dos votos.

Quando faltam escrutinar cinco por cento dos eleitores registados, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o principal partido da oposição, seguia em segundo lugar com 18,59 por cento e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) no terceiro com 6,01 por cento.

O MPLA ganhou nas 18 províncias angolanas e em 161 dos 164 municípios do país. As exceções foram o Andulo (província do Bié), Rivungo (Cuando Cubango) e Cacuaco (Luanda). Em Virei, província do Namibe, o partido no poder alcançou um resultado próximo do pleno, com 98 por cento dos 6,6 mil votos contabilizados.

Segundo os totais nacionais provisórios, o Partido de Renovação Social (PRS), com 1,7 por cento dos votos, perdeu a condição de terceira maior força política angolana, alcançada em 2008, e a histórica Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) quedava-se pelos 1,08 por cento e deverá perder o deputado eleito há quatro anos na província do Zaire.

Os restantes quatro partidos e coligações encontravam-se, à hora da última actualização da CNE, abaixo do limite mínimo do 0,5 por cento que a lei eleitoral impõe para se manterem no mapa político angolano, enfrentando a ameaça de extinção. Neste grupo, encontrava-se a Nova Democracia, que, em 2008, elegeu dois deputados.

Além da vitória do MPLA, à luz da Constituição angolana, aprovada em 2010, José Eduardo dos Santos foi eleito indiretamente Presidente de Angola, na qualidade de número um da lista do seu partido, obtendo, pela primeira vez em mais de três de décadas, a legitimidade num processo eleitoral completo para exercer o cargo. Os principais partidos da oposição anunciaram que estão a encontrar discrepâncias entre os resultados da CNE e as actas das mesas de voto e a UNITA já anunciou que tenciona impugnar as eleições gerais