Lisboa –    Já foi um dos oficiais da guerrilha de  Jonas Savimbi  mais procurado pelo Serviço de  Inteligência Externa (SIE)  de Angola,  em  finais dos anos 90,  por ter  feito do Togo a plataforma de abastecimento da logística da UNITA.  Hoje  é uma das   figuras de bastidores,   mas  ao mesmo tempo,   o  “braço direito”  de Isaías Samakuva.


Fonte: Club-k.net

O “braço direito”  de Isaías Samakuva

João Baptista Rodrigues Vindes, de seu nome completo,  é oriundo da  comuna do Chiumbo, município do Catchiungo, na província do Huambo. Encontrava-se em Luanda, na véspera da proclamação da  Independência Nacional mas logo após os  desentendimentos entre os três movimentos de libertação (UNITA, MPLA e FNLA), na capital do país seguiu para   o interior  integrando as estruturas  da guerrilha do  líder- fundador do “Galo Negro”.


Nas  zonas controladas pela UNITA, teve a  carreira virada para a área de Inteligência e mais tarde para a diplomacia. Esteve em formação  pelos   Marrocos, França mas foi na Inglaterra onde teve cursos dados pelos antigos agentes da MI6 (Serviço britânico de informações, oficialmente designado Secret Intelligence Service ou SIS ).  Em 1985, esteve  a frente, por um ano, dos  Serviços de Inteligência da UNITA, para de seguida ser despachado como representante da organização em Lubumbashi, província do ex- Zaire, actual RDC.  


No seguimento da queda do  regime de Mabuto do ex- Zaire, em 1997, a UNITA perderia influencia naquele território que era a sua  base de apoio logístico.  Porém, a apesar da amizade  que continuava a ter  com a Costa do Marfim,  Jonas Savimbi, entendia que depois da morte do  Presidente  Félix Houphouët-Boigny,   da queda de Mobutu e da morte do Rei Hassan II dos  Marrocos,  o único amigo seguro que tinha restado,  para tratar dos assuntos estratégicos da UNITA, era o   Presidente  Gnassingbé Eyadema do Togo.  Nesta perspectiva,   Savimbi envia, em 1998,  para o Togo,  o general    João Baptista  Vindes que  transformaria  este país  na mais  importante base de logística dos rebeldes, nos últimos anos da guerra. Vindes respondia também  pelo Burkina - Faso  até ser indicado um novo representante -residente,  Julião Kanhualuku.


Como responsável da rede externa da UNITA naquela região, Baptista  Vindes acolheu  em  Lomé, o actual  Vice-Presidente, Joaquim  Ernesto Mulato que por imposição das sanções das Nações Unidas  teve de  abandonar a Alemanha, onde representava  o “Galo Negro”.  O general tinha também sob sua  responsabilidade, a tutela   dos filhos de Jonas Savimbi e de outros estudantes angolanos ligados ao seu partido  naquele país.
  

É nesta condição que,  o general   Baptista  Vindes,  se tornaria  o alvo  mais procurado pelos homens de Fernando Miala  por ser ele quem  alvitrava a partir do Togo, o abastecimento da logística da guerrilha da UNITA.  Em 1999, o general    Vindes esteve  por de trás da neutralização de uma operação do SIE que visava a captura de um filho de Jonas Savimbi, Eloy Sakaita. Da operação,  os seus aliados da  Agência Nacional de Informação (ANR - serviços secretos) do Togo  emboscaram  um quadro do SIE, Casimiro Manuel  da Silva, acreditado  na embaixada de Angola na Nigéria que se  deslocara a   Lomé para efectuar a  missão. 


A rede de Baptista Vindes  naquela região  teria igualmente abortado uma estratégia do SIE, levada  a cabo por um    operativo   identificado por “Contreiras”, colocado na  embaixada de Angola na Costa do Marfim.  A abortada  estratégia  visava  o aliciamento/rapto  de uma irmã  de Jonas Savimbi, Judith Pena   e  o rapto    de Celino  Saveyile,  que a partir de  Abdijan coordenava as comunicações externas  do líder guerrilheiro com o resto do Mundo. A fracassada acção do SIE, levou com que as  chefias da UNITA na região, solicitassem  um encontro com  o Coronel  Touré, ex- chefe da guarda presidencial da Costa do Marfim pedindo que  persuadissem  as autoridades angolanas a não transferir o conflito  para aquele país, porque qualquer atentado contra a integridade física dos seguidores de Savimbi, conforme fizeram saber, resultaria em retaliação violenta. 


Vindes  foi igualmente a figura que em Julho de 2000, levou com que Angola rejeitasse  participar  na  36ª cimeira da OUA que teve lugar em Togo. Luanda  invocou  o  acolhimento deste celebre general  pelas autoridades Togolesas  e fez  sair  um violento  comunicado alegando que não participaria na cimeira africana  por  “este país se ter transformado numa base logística e de apoio político e diplomático à guerra devastadora que o terrorista Jonas Savimbi move contra o povo angolano”.  No mesmo comunicado, o governo angolano  apresentou o nome  do general Baptista  Vindes e dos seus colegas   alegando que “ foram apenas retirados de Lomé  para outras localidades afastadas para não por em causa a realização da cimeira".


O ex- representante da UNITA, em  Lomé, movimentava-se  com  passaporte da Comunidade Econômica do Oeste Africano o que lhe permitia mover-se naquela região sem sobresaltos. Fala fluentemente a língua francesa e inglesa  e passava por um cidadão local.  Figuras que com ele privam, descrevem-no como  um elemento dotado e com hábitos próprios.  Gosta de escrever poemas e  adora musicas dos Beatles.  Quando chegou a Luanda após os acordos de paz,  de 2002,  desmobilizou-se como general na reforma para de seguida inscrever-se na Universidade Agostinho Neto,  onde  terminou  a  licenciatura em historia africana.


Dos homens de confiança de Jonas Savimbi, ele é descrito como  o que mais ficou  traumatizado pela  forma como a  direita no Ocidente  passou a rejeitar a UNITA durante as sanções.  Até  finais de 2011, era o  Presidente do Conselho Nacional de Jurisdição da UNITA, tendo sido substituído pelo deputado e Jurista Silvestre Gabriel Samy.  É no momento  o mais influente   conselheiro   do circulo presidencial     de  Isaías Samakuva.  Nas eleições de 31 de Agosto de 2012, foi ele a figura que coordenou  a logística eleitoral  da UNITA em todo o país. 


A nível das famílias tradicionais do “Galo Negro”, o general Vindes é tio de Alda Sachiambo  de quem   foi   seu padrinho no casamento com George Chicoty.  é casado com uma senhora  que  é irmã do falecido general  Njolela Diamantino George  vulgo   “Big Jó”.

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