Lisboa – O presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, transferiu alguns poderes da figura do secretário geral deste partido para o recente nomeado responsável do bureau político para a política de quadros, António Paulo Kassoma. Dino Matross ficou reduzido na tarefa de acompanhante das actividades daquele partido nas províncias.

Fonte: Club-k.net

Dino Matross sem poderes

Desde que foi nomeado para o cargo partidário, Paulo Kassoma (ex-presidente da Assembleia Nacional) passou a ter a sua disposição um vasto gabinete que ocupa quase todo sétimo andar da sede do MPLA, no largo António Jacinto.

Para além das suas tarefas na sede, o político recebeu a missão de ser o coordenador do grupo de acompanhamento do BP para a província do Kuando Kubango. A 2 de Fevereiro, o mesmo deslocou-se a esta província com o vice-presidente desta formação política, Roberto de Almeida.

Kassoma é actualmente membro do Bureau Político do MPLA que despacha com mais frequência com o  líder do partido, José Eduardo dos Santos. Tornou-se na prática o “secretário geral” na sombra, do partido no poder desde 1975.

O discreto gesto de JES em munir Paulo Kassoma com amplos poderes dentro do partido é interpretado em meios que acompanham a dinâmica daquele partido como um ensaio destinado a prepará-lo para se tornar na terceira figura do MPLA.

JES, de acordo com interpretações baseados no seu estilo de actuar, emite sinais de fazer de Kassoma, o próximo secretário geral num processo em que se estima a elevação de Manuel Vicente  para o cargo de vice-presidente do MPLA, em substituição de Roberto de Almeida que denota fatiga.

Eduardo dos Santos, segundo figuras que com ele partilham, deseja que Manuel Vicente passe a mandar “também” no partido. O líder do MPLA, no entender das mesmas figuras, sente que o seu vice tem pouca expressão dentro do partido.

Dentro do partido onde o assunto é observado, entendem que JES esteja a fazer uma reviravolta no sentido de afastar a ala da chamada "velha guarda" que são identificados como os princípais opositores a ascensão política de Manuel Vicente dentro do MPLA.

O processo de afastamento da ala veterana no Bureau Político começou a ser sentido logo após as eleições de 31 de Agosto de 2012, com a disseminação de informações comprometedoras que colocariam Dino Matross numa posição sem moral de merecer o cargo de secretário geral. Manuel Vicente teria sido apontado como o mentor da estratégia de enfraquecimento de Dino Matross.

CASO PITRA NETO/ Antecedente

De acordo com antecedentes, está não é a primeira vez que JES procede ao jogo de transferência de poderes por métodos informais. Um caso idêntico aconteceu com António Pitra Neto, na altura que era o vice-presidente do MPLA. Em 2006, Pitra Neto foi dos poucos membros do BP que se revelou tocado com a detenção do antigo chefe da secreta externa, Fernando Miala, de quem é amigo.

Logo a seguir viu o seu poder partidário reduzido ao qual entendeu como “falta de confiança”. Razão pela apresentou, sem receio, um pedido de demissão do cargo de segunda figura do partido, embora tenha justificado a JES que pretendia sair para prestar mais atenção a sua então esposa Deolinda (já falecida) que padecia de um câncer.