Luanda - O site Central Angola 7311 está a divulgar um apelo a mais uma manifestação em Angola. É a mais recente das mobilizações populares desde o período de campanha para as eleições gerais de 2012 que resultaram, muitas vezes, em detenções de manifestantes. Os protestos foram marcados para 30 de Março.

Fonte: Lusomonitor.net

“A juventude vai voltar às ruas no dia 30 de Março para pedir dignidade e direito à vida de quem pensa diferente”, pode ler-se no apelo disponível no site Central Angola 7311. No panfleto pode ler-se a inscrição “32 é muito”, referindo-se aos anos a que José Eduardo dos Santos conduz os destinos de Angola, e que costuma associar-se ao movimento jovem Primavera Angolana.


“Já esperámos demais, Kassule e Kamulingue esperaram demais, Milocas esperou demais, Mfulupinga esperou demais, Ricardo de Mello esperou demais, tantos outros que vão sendo empurrados para o limbo do esquecimento, cidadãos que não gozam nem do direito póstumo a uma investigação condigna que faça luz sobre os factos que conduziram ao seu desaparecimento físico”, refere o apelo à manifestação. “O executivo goza com as pessoas, o executivo quer fazer figura para a imprensa como se habituou ao longo dos últimos anos”


O Central Angola publica ainda carta enviada ao Governo Provincial de Luanda, que refere que a concentração terá lugar no cemitério de Sant´Ana, de onde sairá uma marcha culminando no Largo da Independência, onde os manifestantes pretendem ficar até às 0:00. É ainda solicitada a presença das forças de segurança, a quem é prometida colaboração “incondicional”. As manifestações, dita a Constituição angolana, devem ser autorizadas pelas autoridades provinciais, em regra numa carta dirigida ao governador.


A Human Rights Watch afirma que jornalistas e activistas dos direitos humanos são “frequentemente detidos, questionados e assediados pela polícia”, apontando como exemplos os casos do jornalista do semanário Folha 8 William Tonet, acusado pelo Ministério Público de ser um falso advogado, e do activista Rafael Marques, ameaçado por divulgar “casos de corrupção em Angola envolvendo a presidência e um largo conjunto de altos funcionários”.


A HRW identificou restrições à liberdade de expressão e de manifestação em Angola por ocasião das eleições gerais de 2012 e denunciou actos de violência e detenções arbitrárias por parte da polícia. Para a ONG, o escrutínio de 2012 foi “prejudicado pelos sucessivos atrasos e restrições às acreditações de jornalistas e observadores internacionais”.


Durante o ano de 2012, foram diversas as notícias que relatavam a ocorrência de manifestações na capital angolana. Umas levadas a cabo por ex-veteranos na reserva a exigir o pagamento de subsídios, outras cujo intuito era a libertação de militares cujo paradeiro era desconhecido e outras ainda contra as três décadas de poder de Eduardo dos Santos. Em comum têm todas o descontentamento popular com as práticas com Executivo.


Anterior ao período de campanha, a manifestação anti-Governo de Setembro de 2011 em Luanda foi marcada pela detenção de 50 pessoas. Luís Fernandes Nascimento, advogado e membro do Conselho Nacional do Bloco Democrático, referiu, na altura, que o paradeiro dos detidos era desconhecido e que estes estavam incontactáveis.