Doença social angolana: 
Corrupção, falsidade, à mentira, à bajulação
 

Além disso,  alguns compatriotas  vitimados pela antiga mania  de que qualquer iniciativa pessoal  ou de grupo  são sempre  os passos  de um grande projeto ou plano direcionado a neutralizar adversários, e  tudo o  que se faz ou executa-se –em nome de se fazer política-   é o produto de um comando centralizado com o objetivo de  se desferir golpes certeiros  e precisos aos adversários;  baseado nisso parece que o trio acima mencionado (DcKN)  tem gerado na mente de uns uma certa confusão; esperamos que o mito não vai além do que é real  e saudável. Como notícia e curiosidade  devemos dizer  aos leitores amigos  que entre  essas  três pessoas  não há nada que nos uni, que não seja um ideal político, cívico, e porque não dizer,  sonhador  para  vermos as coisas a funcionar  bem  como mandam os  bons costumes.  E isso não deve  ser tão diferente  para o PGarcia  e o Feliciano, mesmo estando em lados opostos; no que diz respeito a  política e, possivelmente, em  idéias, além disso, é preciso reconhecer que o papel destes é uma missão, igualmente, glorificante.

 Já que o que se trata aqui é de saber quais as intenções e  missões possíveis; eu de minha parte só posso falar da possível missão que me corresponde, já que é complicado falar das intenções de outros camaradas. E minha missão, longe de ser secreta, é a de todos. É a missão da cidadania. E, igualmente, acredito que seja a missão daqueles dois.

 Alguém uma vez  evocou  uma  frase, longe de ser romântica, e sendo tão real quanto as decisões  políticas que abalam a vida de cada um de nós: <<de que políticas, decisões governamentais, estatais, de pessoas  influentes  fazendo ou não parte do aparelho do Estado, formadores de opiniões, enfim; eram tão serias  para que essas mesmas pessoas ou instituições tivessem o direito exclusivo de decidirem tudo por conta própria>>, são tão sérias que  cidadão nenhum pode agir como um mero espectador . Acho que sabiamente quem  pronunciou essas palavras foi um músico norte-americano, que agora  não consigo recordar o nome.
Talvez por uma questão cultural, entre  nós angolanos, sempre reinou  a convicção caduca  de que superes decisões ao  nível da família, do grupo social em que pertencemos, ao  nível do Estado, Governo era uma decisão relegada aos mais velhos.

Um exemplo,  aí vai: No antigo Congo do Ditador Mobuto-Seseko existia um consenso  social, tão primitivo quanto hoje encontra-se a mesma nação, de que: ser livre e não ter problemas com as autoridades era não meter-se em política, ou,  simplesmente,  não questionar os rumos da nação. Seus valores sociais e políticos. Hoje temos simplesmente  os  resultados: o Congo Democrático  ou o antigo Zaíre é considerado   um dos países, se não o país, mais atrasado e  primitivo da fase da  Terra, mesmo depois  de quase cinqüenta anos de independência. Mesmo pelo seu tamanho e riqueza é  o produto mais repugnante que existe do ponto de vista  das nações.  Encravado na região central da África,  de lá só saem mitos sobre selvajaria, guerras tribais e de políticos ambiciosos que não  conseguem entender-se.  O Congo de hoje, não é mais uma posição geográfica, uma nação sofrida encravada no centro do Continente Africano:  é menos do que isso. Na visão mística e selvagem que ele mesmo criou ( essa nação),  é um grande bruxo  sentado à beira de um Rio, quem sabe o imponente e magnificente Rio Congo, fumando um cachimbo e jorrando fumo por todos os  orifícios. Um bruxo, todo ignorante, estupidamente ignorante,  querendo decifrar o futuro  no espelho  produzido  nas águas desse Rio. Ou ainda,  na  miragem perigosa  e selvagem de um crocodilo, no olhar perigoso que esse crocodilo, detrás desse espelho oferece a sua futura presa.  E assim, esperando  a  indesejável   ação macabra  desse visitante, que precisa ser evitado por obra de lucidez e bom raciocínio.

Nós os angolanos não queremos ser  guiados por  magia, pela sorte dos bruxos, não estamos a espera para sermos  devorados  por um crocodilo, para sermos  devorados  pela ignorância, a burrice , a estupidez  e  a corrupção generalizada. Não queremos passar pela  história  como um bando de fracassados e inertes. Nem a metafísica, nem o silêncio, a inércia ou a falta de iniciativa poderão  definir  a trajetória de  nossa história. Por isso, é tarefa de todos: do Dino, do Kabazuca, do PGarcia, do Nelo, do Cangue e de todos os outros que existem por aí, que se dizem ser Angolanos e amar essa pátria opor-se contra os escândalos da corrupção. É missão irrenunciável;  e que é feito com medidas para todos nós. E a questão é simples: não queremos ser governados por ineptos, por corruptos que se aproveitem de uma ditadura  legitimada pelo povo.

Somos esses  tipo de homens,   críticos e cidadãos  que exigimos o controle absoluto do estado pela sociedade civil. Que o mesmo preste contas e aprenda a responsabilizar-se pelos seus atos, e a responsabilizar  aqueles que derem causas  ou promoverem falhas no seu bom funcionamento;  que o  Estado  não seja surdo, cego e fingido; e se for,  que se trate em todos os sentidos. Que o Estado, no  seu funcionamento, não exista em função do que é privado e individual. Somos a favor da isonomia absoluta do poder público. A favor de uma cultura de controle, prestação de contas e tomadas de contas. Não à cegueira, o deixa para lá.

De que podemos acumular  inimigos de um lado e do outro, já soubemos. Mas temos  à certeza que esse inimigo não virá dos milhões de Angolanos que a bem pouco tempo legitimaram os governantes  que estão por aí. Para ser sincero,  os inimigos, muito menos virão do MPLA, e desta vez, com maior probabilidade de acertarmos, eles tão pouco virão da UNITA ou da FNLA. Os inimigos agora são os corruptos, que por sinal podem estar em qualquer um dos cantos  ou lugares.
É a essa gente que devemos infernizar e  declarar  “guerra”; é a essa gente que nenhum de nós está disposto  a  deixar em paz.
Minha proposta e iniciativa é que corrupto nenhum nessas terras (Angola) deve se  sentir livre e à vontade. Ele tem que se sentir perseguido, atormentado, viver assustado com a possibilidade de ser denunciado, acusado e quem sabe até  mesmo de um dia ser julgado e condenado, de preferência pela justiça dos homens. Ele, o corrupto, deve se sentir um zumbi, na terra de estranhos. E isso se faz com  perseguição a todos eles, com controle eficiente da coisa pública, com a prestação de contas e finalmente a tomada de contas.

Para combatermos a corrupção é  preciso  declarar  guerra  generalizada a essa gente. Uma guerra sem trégua e sem  pactos; uma guerra ostensiva, plana, horizontal, vertical  e em todas as direções possíveis. É preciso vitimá-los! Que equivale a desmascará-los.  Mas para isso precisamos  que essa missão –Missão Irrenunciável- tenha a participação de todos. E é aqui onde os trios e as duplas mencionadas  acima  podem ser vistos  como uma gota no oceano. É aqui onde a cidadania  conta como instrumento de luta. Nossa luta ou guerra mencionada neste  texto, que fique bem claro, é o exercício dessa cidadania  que tem como objetivo o combate a corrupção.

Nossa luta é o combate  à  falsidade, à mentira, à bajulação  que se transformou em doença social e eleva gente ineficiente ao poder;  ao descaramento  e à sem-vergonhice  e  ao desrespeito à nação.

Continuamos no próximo texto!

* Nelo de Carvalho
Fonte:
WWW.a-patria.net