McCain/Bush mangolê

A França ao eleger Nicolay Sarkosy, filho de um imigrante húngaro e uma francesa de origem greco-judaica deu o primeiro exemplo. Os Estados Unidos ao eleger Barack Obama, filho de um imigrante queniano e de uma americana veio somento confirmar  aquilo que os povos de todo o mundo sabem que é possível, apesar de os políticos insinuarem não ser possível.

Na nossa banda, na mangolé, existem muitos Obamas e um só McCain/Bush. O nosso McCain/Bush no poder há larguíssimos anos acredita que está a governar em nome do povo, e o povo, coitado, faz de conta que é isso mesmo. Enquanto isso, os nossos  Obamas quer pela sua coragem quer pela sua origem- Vicente Pinto de Andrade, Filomeno Viera Lopes, Isaias Samakuva e tantos outros - procuram de forma humilde e incansável transformar a nossa banda num local de debate, de troca e confrontações de ideias, apesar das inúmeras limitações da nossa insipiente democracia.

O nosso McCain/Bush só fala com papel na mão, aqueles discursos preparados com meses de antecedência – não vai o homenzinho pôr os pés pelas mão. Recusa-se ao debate directo e não dá conferência de imprensa para não mostrar aquilo que todos sabemos,  mas fingimos não saber e não falamos, em muitíssimos casos, por questões de segurança. Há que jogar no seguro, nem todos são nossos!!!

O dia em que nos for dada a garantia de escolher livremente os nossos representantes, quando todos os candidatos tiverem o mesmo espaço de antena nos meios de comunicação social do estado e quando os candidatos se confrontarem para debater os programas de governação, haverá surpresas. Quando o governo da situação deixar de usar fundos públicos na sua campanha eleitoral, quando a comissão eleitoral for um órgão independente, quando tivermos mais jornais, canais de televisão e rádios independentes, quando os tribunais forem de facto independentes haverá surpresas. Quando nós que pupulamos na diáspora podermos votar e quando forem dadas oportunidades aos nossos Obamas de serem Obamas, haverá muitas surpresas.

Chegará o dia em que não teremos mais o McCain/Bush na nossa mangolê, assim como os seus discípulos e sacristãos se converterão em verdadeiros democratas, ou deste mundo já não farão parte. Neste dia, choverá muitos Obamas, de todas as  cores, raças, etnias, idades, crenças e orientação sexual...

Mas, enquanto o McCain/Bush mangolê continuar de serviço e bem vigilante vamos apenas sonhar. Mais do que sonhar, vamos acreditar que este dia chegará, afinal se este dia chegou na França e nos Estados Unidos, quem somos nós para não termos fé... Ou como costumamos dizer na nossa banda: quem matou Jesus Cristo foram os outros!

Enquanto isso, rezemos pela vida, determinação, ousadia e coragem dos Obamas mangolês, e que haja Obamas...

* Costa Brava
Fonte: Club-k