Comunicado de Imprensa

 Foi com enorme consternação que li um artigo na edição nº292 do Semanário Angolense, de 22 de Novembro de 2008, no qual se lê: "O que se discutia ali naquele dia - o OGE e o Programa do Governo - era demasiado sério. Porém sem muito para alterar na proposta que o Governo submetera à Assembleia Nacional, sobrou tempo a todos os Deputados para levantarem as questões que quisessem. Sem qualquer parcimónia a Deputada Welwitschia dos Santos Pêgo usou a sua vez de intervir. E Fê-lo para questionar o assalto que um canal privado de televisão, ainda na forja, estaria a fazer à televisão pública."
 
Gostaria de esclarecer que "O que se discutia ali naquele dia" era o OGE e o Plano Nacional 2009. Na minha intervenção da Plenária de 14 de Outubro de 2008, referida pelo Semanário em questão,, apresentei enquanto Deputada três propostas concretas  de alteração de alguns pontos do Plano Nacional, apresentado pelo Governo naquela plenária: 
 
1. Alertei o Governo para a uma omissão no Plano Nacional quanto ao Ensino Superior Privado e sugeri que na Página 62 do Plano Nacional, se considerasse adicionar um ponto com mais ou menos a seguinte redacção: "Criar uma política de apoio ao investimento no Ensino Superior Privado, atravês de financiamentos em condições especiais e incentivos fiscais, à semelhança do que se passa nos sectores da Indústria e Agricultura, de forma a estimular o surgimento de projectos que visem a formação 
de docentes e quadros superiores. Criação bolsas de estudo para estas instituições privadas de forma a que o sector privado possa continuar a apoiar o Estado na formação de quadros superiores, dada a grande carência de vagas no Ensino Superior público.
 
2. Na página 72 do Plano Nacional referente à Comunicação Social, relativamente à intenção do Governo de "incentivar e estimular o surgimento e consolidação do sector privado da Comunicação Social" sugeri que se considerasse acrescentar..."condicionando a emissão de novas licenças à formação de novos quadros do sector". 
 
Justifiquei esta sugestão exemplificando com o facto de determinado orgão público da Comunicação Social ter tido mesmo que solicitar uma intervenção ao Ministério da Comunicação Social para evitar que houvesse uma "sangria" por parte de uma iniciativa privada do sector. Felizmente conseguiu-se evitar esta situação, tendo os empresários em questão decidido formar alguns quadros para o efeito.
 
3. Sugeri ao Governo que fosse levado a cabo um estudo do mercado publicitário, no sentido de se saber qual o volume de negócios que este comporta, de forma a determinar quantos orgãos de comunicação social nas diversas áreas o mercado publicitário angolano comportaria a curto médio prazo, para evitar um crescimento não sustentado dos media nacionais, que poderia resultar catastrófico. 
 
Na minha intervenção, suficientemente séria para ser levada em conta naquela plenária e ouvida até ao fim pelos presentes, falei na necessidade de formar quadros de referência. O que pretendi foi defender os interesses dos milhares de jovens que sonham com uma oportunidade na Televisão ou na rádio, ou mesmo noutras áreas, mas não a têm, porque a maioria das empresas não se dão ao trabalho de os formar de raiz. É obrigação do Estado zelar pelo crescimento sustentado da sua economia. Creio que se um qualquer empresário beneficiar de qualquer tipo de licença, que é uma mais valia concedida pelo Estado, este deve ser "obrigado" a dar algo em troca que não seja apenas uma alternativa de bens ou serviços. Deve ser compelido a formar novos quadros e estagiários e a gerar novos empregos para jovens profissionais. Não digo que os empresários não possam contratar anteriores funcionários do Estado. Mas têm que formar jovens.
 
Como Deputada, quis colocar a minha experiência de empresária ao Serviço do Estado. Tenho a noção de que as medidas que propus são exequíveis. Foi assim que criei os meus projectos. Formei pessoas que nunca tinham tido um emprego e que hoje  assinam artigos, que comandam programas de televisão, coordenam equipas e lideram empresas. É uma questão de ética. Uma questão de cidadania. Só propus que o Estado defendesse os seus interesses e os dos seus cidadãos aquando da atribuição de licenças de Comunicação Social. Estou a trabalhar pelo povo e pela juventude. É esse o meu papel como Deputada e como cidadã, mas infelizmente as minhas palavras foram editadas e manipuladas por jornalistas de má fé, para tentar ofuscar o que é óbvio. 
Há angolanos que crescem e fazem crescer consigo outros angolanos. Há angolanos que crescem pisando outros angolanos. Eu prefiro fazer parte do primeiro grupo e é com muito orgulho que luto por uma Angola melhor.
 
Sugiro que os jornalistas do Semanário Angolense se desloquem aos locais de reportagem munidos de um gravador, pois não se concebe que nos dias de hoje, um jornalista use as páginas de um jornal para fazer "fofoca" gratuita manipulando as declarações de um Deputado na Assembleia Nacional para atingir fins escusos, ou por pura leviandade. Como o próprio 
jornalista refere "O que se discutia ali era demasiado sério", mas era o Plano Nacional e o Orçamento Geral do Estado. O Facto de se ter referido ao Plano Nacional discutido naquela sessão plenária como "o Programa do Governo", prova que o "ilustre" jornalista nem sequer levou consigo um gravador, o que é vergonhoso, pois o termo "Plano Nacional" terá sido repetido mais de trinta vezes pelas dezenas de oradores naquela manhã.
 
O que se discutia ali era de facto demasiado sério para ser reportado por jornalistas tão irresponsáveis e tendenciosos como o que escreveu o artigo em questão. Ou será apenas falta de preparação? Se for o caso, revela-se fundamentada a minha intervenção na Assembleia Nacional.
 
* Welwitschea José dos Santos (Tchizé)
 Luanda, 25 de Novembro de 2008 

Fonte: Club-k