Luanda - O Banco Espírito Santo Angola (BESA) enfrenta actualmente graves problemas financeiros causados por créditos malparados na ordem dos US $6.5 biliões (mil milhões em Portugal), incluindo US $1.5 bilião em juros, apurou o Maka Angola junto de fontes fidedignas.

Fonte: Maka Angola
Durante a gestão de Álvaro Sobrinho, na qualidade de presidente da comissão executiva (2002-2013), o BESA dedicou-se a distribuir créditos de valores astronómicos, maioritariamente a conhecidas figuras do regime angolano, incluindo vários membros do Bureau Político do MPLA. Desde, 2013, o presidente do Conselho de Administração do BESA é um membro do Bureau Político do MPLA, António Paulo Kassoma, que já exerceu os cargos de primeiro-ministro e presidente da Assembleia Nacional.

Segundo informações acedidas pelo Maka Angola, os créditos do banco destinados ao próprio Álvaro Sobrinho, como principal beneficiário, ascendem a perto de US $200 milhões. O banco quer agora recuperar esse empréstimo.

Por sua vez, Eugénio Neto “Geny Neto”, vice-presidente da Espírito Santo Commerce (Escom) em Angola, é apontado como tendo sido o “facilitador” na concessão de empréstimos à cúpula do MPLA. Contas feitas, também recebeu empréstimos do BESA no valor de US $500 milhões.

Os empréstimos concedidos pelo BESA a altas figuras do regime são actualmente considerados como “activos tóxicos”, pela elevada improbabilidade de serem pagos. A extensão do buraco financeiro criado por Álvaro Sobrinho apenas se tornou conhecida, mesmo pela sede do Banco Espírito Santo (BES) em Portugal, após o termo do mandado do então presidente da comissão executiva.

Recentemente, para evitar o colapso do banco, o governo angolano teve de conceder uma garantia soberana ao BESA destinados à cobertura dos créditos concedidos à nomenklatura

Tanto a administração do BESA como o seu accionista maioritário, o BES (com 51.94%),, têm estado a gerir a referida crise e o escândalo que ela envolve com um certo secretismo. Há o receio de que uma fuga de informação possa comprometer, a nível internacional, a já frágil imagem do Banco Espírito Santo.

A exposição pública desta actual crise do BESA pode igualmente afectar a credibilidade do Banco Valor, recentemente adquirido por Álvaro Sobrinho, após ter saído da presidência do BESA. O bancário, segundo apurou Maka Angola, encontra-se a viajar pelo estrangeiro em busca de eventuais parceiros para a sua nova empreitada.

Para evitar a degradação da imagem externa da banca nacional, à qual está indexada a actividade da sua unidade de supervisão, o Banco Nacional de Angola também tem recorrido ao secretismo para lidar com o caso BESA.

Em Portugal, Álvaro Sobrinho é arguido num processo intentado pelas próprias autoridades angolanas, por alegada cumplicidade no desvio de US $137 milhões do Banco Nacional de Angola.

Álvaro Sobrinho detém, além disso, investimentos significativos na comunicação social. Em Portugal, é proprietário do jornal Sol ede 15% da Cofina, por sua vez proprietária do Jornal de Negócios e do Correio da Manhã. O bancário detém ainda acções na Impresa, proprietária da estação televisiva SIC e do semanário Expresso. Em Angola, Álvaro Sobrinho é dono dos semanários Novo Jornal e Agora, entre outros bens.

Nos últimos anos, Álvaro Sobrinho tem procurado projectar-se na arena internacional como um grande homem de negócios e filantropo africano.

Por exemplo, é co-fundador e presidente do PlanetEarth Institute, uma organização filantrópica que conta entre os seus trustees com o lorde Paul Boateng ,membro da Câmara dos Lordes da Grã-Bretanha, e com Sir Christopher Edwards, presidente do Chelsea & Westminster Hospital e do Fundo do Sistema de Saúde Nacional da Grã-Bretanha.