Luanda - O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, afirmou hoje, terça-feira, em Luanda, que a taxa de inflação atingiu, em Março último, o nível mais baixo desde que o Instituto Nacional de Estatística passou a medir a variação do índice de preços ao consumidor.

Fonte: Angop

De acordo com José Massano, que falava no acto de encerramento do seminário de um dia sobre “Os desafios da desdolarização da economia”, promovido pelo BNA, no período em referência a taxa de câmbio no mercado primário manteve-se estável.

“Em Angola, por fenómenos associados a menor estabilidade económica e social vivida até ao alcance da paz, e pela influência do sector mineral, levou a que os agentes económicos privilegiassem o uso da moeda estrangeira, chegando, no caso do sistema financeiro, a representar em 2001 cerca de 82% dos depósitos, configurando-se num quadro de efectiva dolarização financeira da economia”, lembrou.

Recordou que, de forma quase espontânea, os agentes económicos substituíram a moeda nacional pelo dólar norte-americano a nível das três funções da moeda, a de meio de pagamento, de unidade e de conta e reserva de valor.

“De há 10 anos a esta parte, em consequência da implementação de políticas coordenadas dos órgãos de direcção da economia, os fundamentos económicos assumiram um comportamento que se traduziu em estabilidade macroeconómica, evidenciada principalmente pela redução da taxa de inflação, pelo crescimento do Produto Interno Bruto e das reservas internacionais líquidas”, considerou.

Segundo disse, a manutenção da estabilidade macroeconómica, no entanto, exige um sistema bancário sólido e uma política monetária eficaz, “essas são as premissas subjacentes ao processo de desdolarização que teve inicio há cerca de três anos.

Segundo governador, o sistema financeiro/monetário tem evoluído para um quadro de regulação micro e macro prudencial, assentes no conhecimento e gestão dos riscos a que estão sujeitas as instituições financeiras e, por essa via, concorrendo para uma maior resiliência do sector financeiro e da banca em particular.

Afirmou que a preservação do valor da moeda e a estabilidade do sistema financeiro são bens públicos que devem ser assegurados essencialmente por determinantes internas. “A desdolarização, por isso, não é um fim em si mesmo, mas uma base facilitadora do desenvolvimento económico e social”.

“Quanto menor for a expressão da moeda nacional, maior será a capacidade do Banco Central exercer a sua função de defesa da moeda e de protecção do sistema financeira”, considerou.