Lisboa -  Documentos em posse do Club-K revelam que o antigo presidente da Comissão Executiva do  Banco de Espírito Santos de Angola (BESA), Álvaro de Oliveira Madaleno Sobrinho, criou há dois anos atrás um fundo de um bilião de dólares norte-americanos, tendo contado com os préstimos do antigo assessor presidencial, e actual  PCA da Comissão de Mercados e Capitais (CMC), Archer Augusto Mangueira, para sua legalização.

Fonte: Club-k.net

Registrou como um fundo imobiliário 

No dia 2 de Julho de 2012, Álvaro Madaleno Sobrinho deslocou-se a sede da CMC, tendo sido recebido pelo presidente desta instituição pública, Archer Mangueira. O propósito da visita seria obter uma certidão que atesta a legalidade do fundo.

Sobrinho legalizou-o como “Fundo de investimento imobiliário privado fechado”, tendo como entidade gestora a sociedade BESAACTIF - Sociedade gestora de fundos de investimentos, SA.

De acordo com descrição oficial, os "Fundos Imobiliários" são condomínios de investidores, administrados por instituições financeiras e fiscalizados pela CMC. Tem por objetivo aplicar recursos em negócios com base imobiliária, como desenvolvimento de empreendimentos imobiliários, imóveis já prontos ou títulos financeiros imobiliários, ou cotas de fundos imobiliários já constituídos.

O “Fundo de investimento imobiliário privado fechado” de Álvaro Sobrinho foi legalizado numa altura em que a Comissão de Mercados de Capitais não dispunha de competências para o fazer. Os seus documentos reitores que lhe atribuíam poderes para o fazer ainda não estavam aprovados em Conselho de Ministro.

O Buraco de US $6.5 biliões do BESA

Conforme é do conhecimento público, o Banco Espírito Santo Angola (BESA) enfrenta actualmente graves problemas financeiros devido a um buraco na ordem dos US $6.5 biliões, incluindo US $1.5 bilião em juros. Trata-se de créditos mal parados devido aos empréstimos milionários que o Banco, ao tempo da gestão de Álvaro Sobrinho dedicou-se a distribuir a figuras do regime, com destaque a membros do Bureau Político do MPLA (partido no poder desde 1975).

O BESA alega não saber a quem emprestou 5,7 mil milhões de dólares, sendo que a atual administração suspeita que 745 milhões foram parar às mãos de Álvaro Sobrinho, presidente daquele banco até 2012.

Para salvar o BESA da crise que vive, o Presidente José Eduardo dos Santos assinou "pela própria mão" a 31 de Dezembro de 2013, a garantia de 5,7 mil milhões de dólares a este banco privado. 

A garantia não está sujeita a condições e consta de um Despacho Presidencial interno, em que "é autorizado o ministro das Finanças a emitir uma 'Garantia Autónoma' até ao valor de 5,7 mil milhões de dólares norte-americanos a favor do BESA, que assume a responsabilidade pelo bom e integral cumprimento das operações de crédito executadas".

O BESA tem como acionistas o BES de Portugal, o general Leopoldino Fragoso do Nascimento (Geni), o general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” (Portmill) e o próprio Álvaro Sobrinho, acionista individual. 

Em 2013, na sequência de um aumento de capital de 170,5 milhões para 670,5 milhões de dólares, o BES reforçou a sua participação accionista de 51,94% para 55,71%, os angolanos da Portmill mantiveram uma posição de 24% enquanto a Geni, outro angolano, subiu ligeiramente a sua participação de 18% para 18,99%.

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