Washington - O ministro das Finanças de Angola adiou hoje em dois anos, de 2015 para 2017, a meta de produção de dois milhões de barris de petróleo por dia, confirmando as previsões da generalidade dos analistas.

Fonte: Lusa

De acordo com uma entrevista citada pela agência financeira Bloomberg, Armando Manuel (na foto) afirmou que a meta de dois milhões de barris por dia resvalou em dois anos, para 2017, contrariando o objetivo repetidamente apontado pelo ministro dos Petróleos, José Maria Botelho de Vasconcelos, que sempre afirmou que se mantinha a para 2015, suportada pelos projetos da italiana Eni, que deverão começar ainda este ano.

Segundo o ministro das Finanças, o próximo Orçamento do Estado angolano está a ser construído prevendo que o preço do petróleo se situe entre os 88 e os 92 dólares por barril, e por isso o responsável pede à Organização dos Países Exportadores de Petróleo que tome medidas para evitar mais descidas no preço do petróleo, que baixou 16% este ano, na maior queda desde os 51% de 2008.

"Apesar de enfrentarmos uma descida nos preços, os novos campos podem garantir que o crescimento [económico de Angola] não seja afetado", afirmou o ministro das Finanças, acrescentando que espera "que os preços mantenham um nível adequado, para que o país não seja exposto a uma vulnerabilidade mais profunda".

Angola produziu 1,87 milhões de barris por dia em setembro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg, melhorando face à média de 1,6 milhões no primeiro semestre, mas ainda assim confirmando uma significativa descida na produção, que é atribuída à quebra de produção de alguns poços e às operações de manutenção em outros.

Armando Manuel já tinha admitido na semana passada a necessidade de o país encontrar alternativas à "volatilidade" das receitas petrolíferas, tendo em conta a baixa da cotação internacional do barril do crude.

Em causa está a quebra na produção petrolífera angolana - segundo maior produtor da África subsaariana -, que chegou a descer para 1,6 milhões de barris por dia no primeiro semestre do ano, e agora a redução do preço do barril no mercado internacional, ficando-se abaixo dos 98 dólares projetados no Orçamento.

"A recente queda na nossa produção e dos preços internacionais do petróleo não atingiu uma proporção capaz de comprometer a execução do OGE de 2014, uma vez que o défice estimado deverá posicionar-se na vizinhança de 4% do PIB", apontou Armando Manuel.

A produção petrolífera em Angola - que valeu 76% das receitas fiscais angolanas em 2013 - acelerou para 1,7 milhões de barris diários entre julho e agosto e para 1,87 milhões em setembro.

Quanto ao preço do crude, embora atualmente aquém do valor perspetivado pelo Governo para as exportações de petróleo, o ministro das Finanças sublinhou que essas vendas foram feitas, em termos médios, a 105 dólares por barril, entre janeiro e agosto, "o que terá permitido acumular importantes reservas que permitirão acudir aos períodos de queda do preço de petróleo a níveis abaixo do patamar de referência fiscal", concluiu.