Luanda - O criador do Rogers International Commodity Index, Jim Rogers, disse hoje, em Luanda, que Angola tem "grandes possibilidades" para desenvolver um mercado de capitais, mas alertou que é necessário "facilitar" a entrada a investidores externos.

Fonte: Lusa

ImageEm causa estão as dificuldades para a obtenção de vistos de entrada em Angola, apontadas pelo investidor norte-americano na Conferência Internacional sobre a Importância do Mercado de Capitais nas Economias Emergentes, em que foi orador.


Ainda assim, Jim Rogers, o primeiro investidor em países como o Gana, Costa do Marfim, Botsuana, Zâmbia, Zimbabué, defende que Angola é um país com "grandes possibilidades para o desenvolvimento de um mercado de capitais".

"E gostaria de ser também o primeiro a investir em Angola. Se vocês não permitirem que os estrangeiros venham, tanto quanto sei, vai ser difícil desenvolver o mercado de capitais", sublinhou o investidor numa alusão à dificuldade de obtenção de vistos de entrada para Angola.

Recordou a visita a Angola em 2000, quando o país ainda estava em guerra, tendo constatado o "enorme" potencial económico. Diz agora que Angola alcançou um forte desenvolvimento ao nível das infraestruturas, sendo o momento de o país dar outros passos, nomeadamente para desenvolver o mercado de capitais.

"Sou um investidor internacional. Invisto em vários países e tenho um grande desejo de investir em Angola, mas espero que vocês possam desenvolver os vossos mercados, possam tornar a vossa moeda bastante convertível. Vê-se que o banco central e o governo têm consciência desse problema e já estão a trabalhar nesse sentido", referiu.

À margem da conferência, o diretor executivo da Câmara de Comércio EUA-Angola, Pedro Godinho, lamentou igualmente as dificuldades que os investidores estrangeiros enfrentam na obtenção de vistos para Angola, realçando que o problema é "quotidianamente" apresentado em reuniões de negócios.

"É lamentável, porque não se pode apregoar todos os dias a captação de investimentos externos, havendo dificuldade de acesso ao país. Todos os dias recebemos esse tipo de reclamações e qualquer país nunca há de se desenvolver enquanto não houver abertura para os investimentos domésticos, como os internacionais", corroborou Pedro Godinho.

No discurso de abertura, o presidente da Comissão do Mercado de Capitais (CMC), Archer Mangueira (na foto), referiu que Angola está "num momento chave, em que se espera das instituições financeiras, dos empresários e dos gestores, que tomem a dianteira e aproveitem as infraestruturas criadas".

Archer Mangueira realçou, que a "baixa persistente" dos preços internacionais do barril do petróleo torna ainda mais oportuna a reflexão sobre o mercado de capitais como canal alternativo para financiar o desenvolvimento económico de Angola.

A conferência foi organizada pela CMC, em parceria com a Câmara de Comércio Estados Unidos da América-Angola.