Lisboa - O destino dado aos cerca de 5,7 mil milhões de euros de créditos malparados do Banco Espírito Santo Angola (BESA) durante a gestão de Álvaro Sobrinho vai sendo apurado. Em Lisboa, a liderança do BES acredita que mais de 500 milhões de euros foram distribuídos pela elite angolana, em troca de apoio e favores.

Fonte: AM

A situação descrita como “pavorosa” no BESA foi discutida no conselho superior do Banco Espírito Santo em fevereiro deste ano. Gravações da reunião, agora reveladas no Correio da Manhã, revelam que Álvaro Sobrinho terá pedido um crédito de 800 milhões de euros para adquirir imóveis que só valiam 250 milhões. Os outros 550 milhões terão sido distribuídos pela elite angolana, acreditava a liderança do banco.

Ricardo Salgado, presidente do BES, afirma na reunião que Sobrinho “pediu um financiamento de 800 milhões através de dois ou três veículos para comprar uns imóveis importantes dentro das torres [da ESCOM] e aquilo custava 250” milhões. Os “únicos imóveis” que o BES poderia “recuperar da tragédia do Sobrinho” eram as torres Escom, adiantou. “É triste de mais para ser verdade”.

Perante a questão de um dos membros do conselho superior sobre possíveis medidas de Angola contra Sobrinho, prevaleceu a opinião de que o gestor se protegeu contra possíveis acertos de contas. “É um bolo suficiente para pagar a muita gente e não ser perseguido”, afirmou Ricardo Abecassis, refere o Correio da Manhã.

“Pagou o suficiente para todos e não ser perseguido. Tanto é que conseguiu até abrir um banco. E ser acionista de um banco”, adianta Abecassis.

A responsável pela concessão de crédito era, a dada altura, uma cunhada de Sobrinho. Fonte próxima do gestor disse ao jornal que o gestor não tem responsabilidades no BESA desde dezembro de 2012, demarcando-se de operações de concessão de crédito a partir dessa data.

A gestão da crise do BESA mereceu reparos do Fundo Monetário Internacional, que pediu mais “transparência”.