Luanda - Estamos num mundo pansexualizado, ou seja, em quase tudo fala-se e manifestam-se sinais da genitalidade – nos anúncios publicitários, telefones, na Internet, revistas, jornais, na televisão, nas lojas, nos bares e restaurantes, nas discotecas, nos hotéis, nas paredes domiciliares, nos calendários, na musica, na pintura, nos discos de vídeos, etc., etc. Tudo isto, ratifica bem a veracidade da afirmação em epigrafe. Encontramo-nos na época da revolução sexual. De acordo com os ideólogos desta corrente, a concretização do acto sexual é epifania da liberdade plena, e o auge do agir humana. A quem diga que a o orgasmo por exemplo é comparativo ao acto de morrer.

A visão que predominante hoje relactiva a sexualidade é deveras errónea porque não corresponde com o homem holística ferindo assim a verdade moral da sexualidade autêntica.

A sexualidade é uma dimensão fundamental do homem. É tão importante que informa este homem na sua personalidade, cultura e sociedade, na sua relação com deus e determina também a continuidade ou não do género humano.

Apesar da sexualidade ser uma faceta da pessoa humana, ainda assim pela sua complexidade e por razoes pedagógicas é conveniente a dissecar e subdividir a sexualidade nas suas subdimensões:

1)      A dimensão relacional ou psicológica;

2)      A dimensão sócio-cultural;

3)      A dimensão biológica ou reprodutiva e

4)      A dimensão transcendental ou espiritual.

 Dimensão psicológica

"É o espírito e o Eu pessoal que é o homem ou mulher e não somente o corpo, exactamente porque é o espírito (o eu pessoal) que anima, informa e faz viver a corporeidade. Por isso, a pessoa não só tem um sexo, mas é homem ou mulher" (Esgrecia, E, apud Imbamba, J…, p166). A dimensão psicológica leva as pessoas de sexos opostos a estabelecerem laços relacionais para verdadeira complementaridade. É ela que determina a abertura do Eu ao Tu em vista de um projecto Nós.

"A sexualidade (…) desempenha também uma função personalizante, como componente essencial da projectualidade humana" (Mondin, apud Ibid), que só se realiza abrindo-se a alteridade: " a sexualidade condiciona também o modo como a pessoa se manifesta e relaciona com os outros: se a pessoa é um ser aberto ao tu é um ser em relação; a sensualidade possui uma dimensão relacional essencial. E o sinal e o lugar da abertura, do encontro, do dialogo, da comunicação e da unidade das pessoas entre si" (Esgrecia, E, apud Ibid. P. 167.).

João Paulo II na sua habitual eloquência e riqueza de ideias fala da seguinte forma sobre a complementaridade dos dois sexos nas relações: o corpo que exprime a feminilidade para a masculinidade e a masculinidade para a feminilidade manifesta a reciprocidade e a comunhão das pessoas. Exprime-a através  do dom como característica fundamental da existência pessoal. Este corpo: testemunho da criação como dom fundamental, portanto, masculinidade-feminilidade – isto é o sexo – é o sinal originário duma doação criadora, duma tomada de consciência da parte do homem macho-fêmea, dum dom vivido, por assim dizer, de modo originário. (Ibid).

 

Dimensão sócio-cultural

 

A dimensão sócio-cultural da sexualidade tem a ver com a expressão da sexualidade em contextos, épocas, espaços geográfico e povos diferentes ou seja cada povo tem sua cosmovisão. Dai que também no campo da sexualidade cada povo tem a sua concepção. P.e se o brasileiro pode beijar o seu namorado/a diante dos pais, para o homem Bantu é um sacrilégio imperdoável, é sinal de destruição do equilíbrio cósmico e social.

Dimensão transcendental, religiosa ou espiritual


Esta dimensão enquadra-se nos estados de vida e na vocação pessoal. Sabemos que algumas pessoas se casam e outras optam para vida religiosa ou sacerdotal (as madres e irmãos também se enquadram aqui). A opção religiosa ou sacerdotal é um sinal evidente de canalização da sexualidade de outra maneira. Nem por isso estas pessoas que dedicam a sua sexualidade a Deus por meio do serviço prestado aos irmãos deixam de viver em plenitude esta nobre dimensão. Porem, o celibato é o rosto da dimensão transcental da sexualidade humana.

Dimensão reprodutiva ou de continuidade da espécie

A genitalidade é partilhada tanto pelo homem quantos os animais irracionais, mas o homem pela sua superioridade no plano da criação se distingue dos outros animais por outras dimensões acima expressas. Tal como a terminologia evidencia, esta dimensão garante o nascimento de novos seres humanos para que a terra continue povoada. Mas não é verdade que a dimensão genital sirva somente para gerar filhos e dar prazer carnal. A união sexual entre o casal também pode ser sinal de amor desde que os intervenientes saibam e tenham plenamente consciência da nobreza que é a sexualidade para que no acto haja comunhão de almas.

Ora, infelizmente a dimensão predominante hoje é a genitalidade – reduziram a sexualidade a práticas e técnicas sexuais.

Para que este ambiente de pobreza moral possa ser ultrapassado é necessário que se dê uma verdadeira educação sexual a nova geração – uma educação que os permite conhecer as verdades éticas da sexualidade e não ficarem nas amarras dos midias que vão apresentando cada vez mais "lixo". As instituiçoes encarreguem são as Igrejas, as Famílias imponderadas e os Meios de Comunicação Social que são chamados a reformular o que comunicam.

Finalmente, é inquestionável que o homem é um ser informado pela sexualidade ou seja a sexualidade faz parte do ente humano. É uma realidade inquestionável. Mas quando for mal compreendida em vez de elevar a personalização, em vez de humanizar degrada quando as pessoas a compreendem unicamente como fonte de prazer e fim último do "nosso-ser-no-mundo".

A sexualidade não é o homem, ela não esgota a riqueza da nossa corporeidade e humanidade. O homem é mais do que a sexualidade ou o seu sexo. O homem não é sexo como pretendia S. Freud. Não confundam sexualidade com sexo, se confundirem então estão a cavar a vossa sepultura por meio da concupiscência

Fonte: Folha8