Luanda - A compra do Eurobank pelo Banco do Brasil (BB) tornou-se o mais recente negócio sob escrutínio da imprensa brasileira, por suspeitas de gestão danosa. As desconfianças trazem à tona o nome de José Pedro de Morais, ex-ministro das Finanças e ex-governador do BNA, implicado na história por ter sido um dos principais accionistas do Eurobank.

Fonte: NJ

O terramoto político que há meses abala o Brasil não pára de produzir réplicas. Desta vez, a perturbação tem de novo no epicentro o Banco do Brasil (BB), cuja gestão tem sido apontada como mais uma peça do puzzle da alegada teia de esquemas que corrompem a "máquina pública".


Cerca de um ano após a detenção de Allan Toledo, antigo vice-presidente do BB para a área de negócios internacionais, investigado no âmbito da Operação Porto Vitória por suspeitas de desvio de divisas e lavagem de dinheiro, a compra do Eurobank pelo banco central - realizada em 2012 - regressa à ordem do dia.


"Dentre os esqueletos deixados pela turma que comandou o Banco do Brasil na última década, está a compra do Eurobank [sediado nos EUA], rebaptizado BB Américas", escreve O Antagonista, site de notícias que junta três referências do jornalismo brasileiro, nomeadamente Diogo Mainardi, Mário Sabino, Cláudio Dantas.


Apresentando o Eurobank como "banco de ex-ministro angolano", a publicação recorda que o visado, José Pedro de Morais, ex-titular das Finanças e ex-governador do Banco Nacional de Angola, também vem mencionado na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Correios, "por receber remessas da offshore Tradelink".


Justamente a firma usada por Marcos Valério, o publicitário apontado como peça-chave no escândalo do mensalão - de pagamento de subornos para obtenção de votos.

De volta à compra do Eurobank, o site assinala que a mesma "ocorreu no primeiro ano do Governo Dilma Rousseff", e foi liderada por Aldemir Bendine "com apoio directo de Allan Toledo".

O negócio, concluído por 6 milhões de dólares, "salvou o ex-ministro da bancarrota", sublinha O Antagonista, questionando os interesses por detrás da transacção.

"O banco de Morais era alvo de alertas das autoridades de fiscalização americanas por operações irregulares e corria o risco de ser liquidado", lê-se no site.

Para acirrar ainda mais as suspeitas, os jornalistas expõem um documento enviado pelo BB ao Tribunal de Contas da União (TCU), apelando ao "relaxamento da fiscalização sobre as operações do novo BB Américas", sob a alegação de que o mesmo enfrentava um "processo de estabilização".

"O TCU rejeitou a argumentação, mas aceitou que o BB apresentasse as contas do novo BB Américas separadamente", escreve o site, que "consultou o Ministério Público junto ao TCU e foi informado de que a corte nunca examinou a compra do Eurobank, do ex-ministro angolano José Pedro de Morais Jr.".