Lisboa - Álvaro (Mabi) de Almeida assumiu interinamente o cargo de treinador da selecção angolana de futebol em substituição do professor Oliveira Gonçalves. O calendário contava, então, os 27 dias do mês de Outubro de 2008.

Os angolanos amantes do futebol esfregaram as mãos de contentamento por a Federação Angolana de Futebol (FAF) ter confiado, provisoriamente, os destinos dos “Palancas Negras” a Mabi de Almeida, então adjunto do saudoso mestre Oliveira Gonçalves.

A missão difícil mas não (im)possível de Mabi de Almeida, enquanto treinador interino, era a de levar (com toda e mais alguma dignidade) a selecção nacional para a Copa do Mundo de Futebol aprazada para Junho de 2010 na África do Sul.

Mabi de Almeida foi transmitindo amiúde, em determinados círculos, a ideia segundo a qual a aposta da FAF em si não tinha sido vã. E mais: que estaria em condições de conduzir os destinos da selecção nacional.

Por isso no dia 20 de Novembro de 2008, Mabi de Almeida afirmou pública e finalmente, na cidade venezuelana de Barinas (onde a selecção nacional teve um empate nulo com a sua similar), ser capaz de orientar os “Palancas Negras”, caso fosse convidado a ocupar o cargo então deixado pelo professor Oliveira Gonçalves.

“Não penso apenas orientar a selecção quando atingir os 60 anos, mas de momento com os meus 45 estou em condições de assumir esta responsabilidade, se assim a direcção da Federação Angolana de Futebol (FAF), presidida por Justino Fernandes, entender”, disse Mabi de Almeida.

A FAF soube da sua disponibilidade e, com o assentimento do Mais Alto Magistrado da Nação (José Eduardo dos Santos, de sua graça), convidou-o. Entre a FAF e Mabi de Almeida celebrou-se um contrato por um período de 24 meses.

A ideia da FAF era a de apostar na prata da casa (Mabi de Almeida) ao invés de se contratar um técnico estrangeiro. Mas sucede, porém, que, apesar de o sol brilhar (também) para si, a prata da casa não brilhou como era suposto, possível e desejável.

Desde que Mabi de Almeida assumiu o comando efectivo da “equipa de todos nós”, os “Palancas Negras” foram pisando de bola em bola: Angola foi goleada pelo Mali (4-0) em Fevereiro, perdeu com Cabo Verde (1-0) e Marrocos (2-0) em Março e, no passado dia 5, empatou sem golos com a Namíbia.

Tais resultados tornaram as coisas “pretas” para Mabi de Almeida e para a sua família. Por exemplo, o seu filho de oito anos de idade, que frequenta a quarta classe num colégio do Gamek, ficou 15 dias sem ir à escola. Era vaiado pelos colegas do colégio pelos desaires da selecção nacional desde que o seu pai rendeu Oliveira Gonçalves.

O ambiente no seio da FAF e dos amantes do futebol angolano, por causa dos maus resultados da selecção, era de cortar à faca.

Já não mais havia clima para manter Mabi de Almeida à testa dos “Palancas Negras”. E isto ficou patente nas declarações do secretário-geral da FAF, Augusto
Alvarito, quando disse, em declarações à Agencia Lusa, ser “ necessário criar um novo clima psicológico em redor dos jogadores, alterar os métodos de trabalho e melhorar o rendimento em campo».

Foi por ser necessário criar um novo clima psicológico em redor dos jogadores, alterar os métodos de trabalho e melhorar o rendimento em campo (e também por «ordens superiores») que Mabi de Almeida foi apeado e substituído interinamente por Zeca Amaral. Acabou, de forma inglória, o reinado de Mabi de Almeida no seio dos “Palancas Negras” , que teve a efémera duração de seis meses.
 
* Jorge Eurico
Fonte: Notícias Lusófonas