Brasil - Após tratamentos ineficazes na Angola, África do Sul e Alemanha, ele renovou a esperança ao ver trabalho de médico na web, mas não tem dinheiro para custeá-lo: 'Só quero a cura do meu filho'.

Fonte: Globo


Em busca de tratamento para o filho, o motorista angolano Domingos Bernardo Manuel, de 38 anos, veio para Goiânia com o caçula Arão Guilherme Miranda Manuel, de 6 anos, que possui um tumor no braço e mão esquerdos. Após passar por terapias ineficazes no país de origem, na África do Sul e na Alemanha, ele renovou a esperança de conseguir o devido tratamento ao ver nas redes sociais o trabalho do médico Zacharias Calil, especialista nestes casos. Porém, a família não tem dinheiro para pagar o procedimento, avaliado em R$ 65 mil.


“Depois de tanta peregrinação, já estava desesperado. Encontrei o médico, conseguimos vir a Goiânia, mas não tenho dinheiro para o tratamento, para a cirurgia. Me prometeram ajuda na Angola, mas não deram. Peço ajuda ao povo brasileiro, ao governo, para prestar solidariedade. Só quero a cura do meu filho”, disse ao G1.


Arão, que tem uma irmã gêmea, nasceu com linfangioma. A enfermidade gerou uma malformação no menino. Apesar de ser benigno, o tumor se desenvolve conforme a criança cresce, pode provocar dores e restringe algumas ações.


“Ele fica triste porque vê os outros amigos com o braço normal. Tive que tirá-lo da escola porque lá os colegas querem brincar, correr, e ele não pode levar pancadas no braço. Às vezes, ele chora de dor e não podemos fazer muita coisa”, relata o pai.


Segundo o médico, se chegar a volume extremo, o tumor pode gerar graves consequências a Arão. “Apesar de ser benigno, tem características malignas porque invade, destrói, causa deformidade. O paciente pode ficar com sequelas nos braços, perder o movimento porque obstruiu a musculatura, atingir a parte óssea que pode causa fraturas”, explica Calil.


Mudança

Por causa do tratamento para o filho, Domingos deixou a mulher e os outros seis filhos na Angola. Ficar distante do restante da família não é fácil. “É muito duro ter abandonado a minha família toda, não é fácil, mas para a cura dele eu faço tudo. Jesus está lá para que tudo corra bem”, declarou.


Domingos e Arão contam com a ajuda de uma igreja para ficar em Goiânia. “Uma goiana entrou em contato com a igreja e pediu ajuda. Ela me passou o telefone do Domingos, ficamos em contato e eu disse para ele vir para Goiânia que pelo menos com estadia e alimentação a gente ia contribuir”, disse ao G1 o pastor auxiliar da Igreja Nação Eleita, Rômulo Dias dos Santos.

 

Tratamento


Zacharias Calil explicou que a criança precisa ficar pelo menos um ano em Goiânia para passar pelo tratamento completo. A terapia inclui sessões para aplicar medicamentos e, depois, duas cirurgias.


“Em Goiás desenvolvemos um tratamento que nós diminuímos o tumor através do medicamento que eu mesmo desenvolvi. Faço uso do produto que é esclerosante [ reduz o tumor] e antiinflamatório. Injetamos dentro das lesões para deixarmos em condição de cirurgia. Se operar na condição que está, corre o risco de voltar”, explica o cirurgião pediátrico.


O médico alerta que o procedimento deve ser feito com cuidado para não afetar o braço do menino. “Não justifica fazer um procedimento que vai causar um dano maior ao paciente, como tirar um tendão, nervo e ficar com limitação maior que já tem”, ponderou.


Domingos disse que não conseguiu autorização do Sistema Único de Saúde (SUS) para o procedimento do filho. Segundo o motorista, diferentemente dos outros países que passou, o Brasil não tem convênio com o governo da Angola, que custeou o tratamento nas demais nações.

O G1 entrou em contato com o Ministério da Saúde, mas não obteve um posicionamento até a publicação desta reportagem.