Espanha - O presidente do Gabão, Omar Bongo, morreu nesta segunda-feira em uma clínica privada de Barcelona, anunciou o primeiro-ministro gabonês, Jean Eyeghe Ndong, em uma mensagem entregue à imprensa na porta do hospital Quirón.

"Às 14H30, a equipe médica informou a mim e aos oficiais e membros da família presentes que o presidente da República e chefe do Estado, Omar Bongo Ondimba, havia acabado de falecer em consequência de uma parada cardíaca", indicou o primeiro-ministro.

Ndong anunciou luto oficial de 30 dias no país e pediu que a população do Gabão permaneça "unida e solidária", e que "mantenha a paz no respeito das instituições da república".

O chefe do governo explicou que as autoridades do país sabiam "que o estado de saúde do presidente da Republica era preocupante há vários dias". No entanto, afirmou que ele ainda estava vivo na manhã desta segunda-feira.

Assim, Ndong desmente a fonte que anunciou o falecimento de Bongo, que tinha 73 anos e permaneceu por 41 no poder, na noite de domingo, conforme noticiado pela AFP.

De acordo com as autoridades gabonesas, Omar Bongo foi hospitalizado na clínica de Barcelona há alguma semanas para um check-out de rotina, mas outras fontes procuradas pela AFP revelaram que o presidente estava em estado grave e lutava contra um câncer.


Perfil de Omar Bongo


O Presidente do Gabão , Omar Bongo Ondimba, o mais antigo chefe de Estado africano, que hoje morreu, era respeitado pela mediação em crises africanas mas também criticado pelas relações ambíguas com a França e suspeitas de corrupção.

Omar Bongo Ondimba, no poder há 41 anos, morreu hoje aos 73 anos, depois de ter sido hospitalizado há um mês numa clínica privada de Barcelona.

O nome mais citado para lhe suceder é o filho, Ali Ben Bongo, de 50 anos, ministro da Defesa com boas relações com Paris.

Omar Bongo era frequentemente mediador nas crises africanas e foi recentemente distinguido pelo seu papel no processo de paz em curso na República Centro Africana.

Foi mediador nos acordos de paz na República do Congo, em 1999, que pacificaram o país em guerra civil, e tinha sido igualmente designado para tentar resolver o conflito no Chade.

No seio de uma África agitada, revelou-se um garante de estabilidade e paz no Gabão. Permaneceu no poder durante o regime de partido único, mas também após a restauração do multipartidarismo, em 1990, nas eleições de 1995 e 2005. "O sentido político é a arte do esquecimento", gostava de dizer.

Nasceu Albert-Bernard Bongo a 30 de Dezembro de 1935 numa família de camponeses de uma etnia minoritária e tornou-se Hadj Omar Bongo depois de se converter ao Islão, em 1973.

Torna-se vice-presidente do primeiro Presidente do Gabão Leon Mba, em 1967, e depois da sua morte, no mesmo ano, sucede-lhe na chefia de Estado.

Nos anos 1970 e 1980, transforma o pequeno país da África Central num "emirato petrolífero", mas a corrupção generaliza-se, de acordo com vários observadores e segundo o próprio Presidente, que em 2007 criticou "o clientelismo e a corrupção que minaram os poderes públicos".

As relações privilegiadas que manteve com o antigo colonizador francês deterioraram-se recentemente, à medida que surgiram casos como o da Elf. A imprensa francesa fez revelações sobre o importante património imobiliário da família do Presidente, num altura em que chegaram à justiça francesa as queixas de um conjunto de organizações não-governamentais que o acusam de possuir bens imobiliários de luxo em França, comprados com dinheiros públicos do Gabão.

A morte de Omar Bongo foi anunciada oficialmente pelo primeiro-ministro gabonês ao princípio da tarde de hoje, num comunicado entregue em mão aos jornalistas junto à clinica privada de Barcelona onde o chefe de Estado do Gabão estava internado.

De manhã, o chefe do executivo gabonês, Jean Eyeghe Ndong, desmentira notícias divulgadas domingo por media franceses que anunciavam a morte de Omar Bongo, depois de o terem visitado na clínica catalã.

Segundo o comunicado de hoje à tarde, o Presidente do Gabão faleceu às 14h30 (13h30 em Lisboa) na sequência de uma paragem cardíaca.
 
Fonte: Afp/Expresso