Luanda  - No primeiro trimestre deste ano (2017) publicamos a primeira denúncia da má gestão do Instituto Superior Técnico Militar das FAA e finalizamos dizendo que não se trata de uma companha contra o Sr. Tenente General Jaime Manuel Pombo Vilinga. Reiteramos nesta segunda denúncia que não é contra o TG, mas sim contra a sua gestão.

Fonte: Club-k.net

Como reacção à primeira denúncia o Director Geral do ISTM/EMGFAA disse que sabia quem a escreveu e prometeu que iria arrumar a casa; Desfez uma área fundamental em unidades órgânicas militares com pendor de formação e exonerou alguns oficiais que ele desconfia que escreveram a primeira denúncia.

 

Isso só prova o que dissemos na primeira denúncia: O Sr. Tenente General Jaime Manuel Pombo Vilinga, que até é PHD, não entende nada de gestão escolar e está a conduzir o ISTM para o abismo e vamos fundamentar:

 

Para começar, ao desfazer a Unidade de Apoio à Instrução do ISTM, demostrou que não sabe, nem quer saber da importância de tal área e muitas outras áreas e pensa que a estrutura orgânica do ISTM depende do entendimento dele. Pudera!

 

Por outro lado, devemos dizer que os oficiais que ele exonerou do ISTM são inocentes e não têm nada haver com a primeira denúncia. Sentimos pena das pessoas visadas, são oficiais dedicados nas actividades que exerceram enquanto estiveram aqui no ISTM, sentimos o empenho de cada um deles, entre os quais 4 professores (excelentes professores, dois mestres e dois a fazer o mestrado pelo ISTM), mas a revolução muitas vezes afecta os inocentes.

 

Além disso, nós estamos preocupados com a nossa saúde. Dissemos no primeiro texto que o ISTM estava a se transformar num lugar onde há muitas doenças e que tinha morrido um engenheiro que tinha acabado de defender a monografia. Desta vez morreu uma colega do primeiro ano com a mesma doença do engenheiro. Sinceramente estamos preocupados: quem será o próximo? Enfrentamos muitas doensas: infecções urinárias que não passam, há colegas com SIDA, a direcção sabe e finge que não sabe; há tuberculose, há diabéticos, há deficientes físicos, há cadetes com epatites, enfim, há muitas doensas por cá: Vamos morrer só!!!?

 

Como precaução, cada um de nós trouxe de casa um prato, uma colher, um garfo e uma caneca, porque deconfiamos que os meios do quartel estão todos infectados, principalmente com tuberculose.

 

O grande problema neste momento é que o ISTM não tem condições para tanta gente. Para terem uma ideia, a menina morreu de infecção pulmonar (tuberculose) e dormia num quarto com mais 13 colegas. Será que as demais não têm também aquela doensa? Neste momento, há duas colegas que têm tuberculos e a direcção decidiu que devem dormir num quarto só as duas. Porque não mandam as meninas para casa? Sabe-se que a tuberculose é uma doença contagiosa, aliás, todos nós corremos o risco de nos contaminarmos. NINGUÉM NESTE PAÍS PODE NOS AJUDAR?

 

Precisamos com muita urgência de um outro director, pois o actual não se identifica com ISTM, perdoem a nossa ousadia, é um incompetente com poder, porque:

 

Se gaba que é mesmo protegido do Chefe de Estado Maior das FAA e que ninguém vai lhe tirar do cargo, pois são até parentes e eles sempre se deram muito bem, em contra partida, pensamos que se fosse competente, ia tirar benefício da situação de protegido e parente do Chefe para fazer do ISTM uma verdadeira instituição de ensino, ele está a tirar benefício pessoal, ele só pensa no dinheiro, na comida, no combistível da unidade;

 

Só um incompetente com poder é capaz de exonerar professores com qualificação comprovada por desconfiança de terem feito uma denúncia;

 

Só um incompetente com puder é que coloca como contínuo um PHD como ele, porque quem controla os livros de ponto do ISTM é um Capitão PHD. E o Capitão envaidecesse com o cargo de contínuo que passa por oficiais superiores e não rende cortezia, espesinha os professores civis e, quando se informa, o Director não faz nada;

 

Só um incompetente com puder é que não dá aulas na instituição onde ele é director e prefere ser professor convidado no estrangeiro. O Director nunca nos deu uma aula, uma conferência, porquê?;

 

Só um incompetente com puder é que ao invés de velar pela saude dos cadetes, prefere ficar calado, porque a maior parte dos doentes são filhos, sobrinhos de generais/ministros e o director tem medo de enfrentar os tubarões das FAA e do governo, pondo em risco toda a comunidade do ISTM.

 

Será que o director não sabe que não está a ajudar o ISTM e o país com esta actitude? Será que o Chefe do Estado Maior General está feliz com esta situação toda?

 

Em países sérios, a primeira denúncia daria lugar a várias exonerações. Até houve, mas pessoas erradas. Aqueles aqueles oficiais dedicaram-se à causa do ISTM. O psicólogo era um bom conselheiro, íamos sempre no gabinete dele, apresentavamos as nossas preocupações e ele sabia ajudar a cada um de nós como se fosse o nosso pai. Aliás, muitos colegas já o tinham como pai. Ele, mesmo a fazer o curso na Escola Superior de Guerra, aparecia às tardinhas e aos fins de semana para nos ajudar; o personal treiner era outra pessoa dedicada; trabalhava com profissionalismo, conseguia separar as coisas entre o profissionalismo e o aconselhamento aos cadetes, também era bom oficial e acima de tudo dedicado; o professor de lingua portuguesa também era boa pessoa, principalmente no ano zero. Ajudou-nos a entender o que é o ISTM, a interiorizar o cumprimento do horário das aulas e a vontande de estudar. Às vezes era arrogante, mas no fundo era boa pessoa. Quando iamos no gabinete dele, nos ouvia, nos aconselhava e nos pedia para estudar; a Capitã do DAAC era uma pessoa paciente connosco, nos ajudava e acima de tudo trabalhadora: chegava cedo e viamos ela a sair tarde algumas vezes.

 

Estes oficiais que o Director exonerou deram mais contributo à instituição do que o Director. O Director só se serve do ISTM até para actividades que não interessam à unidade, como por exemplo, a escursão ao Namibe para a observação do eclipse. Gastou-se tanto dinheiro, meios e forças para o eclipse. Nós cadetes a morrer por falta de água em boas condições, com falta de comida, porque o que nos servem aqui é tudo e menos comida; com problemas de Ac, quadros em más condições, falta de marcadores nas salas de aulas e o Director, numa actitude puramente egoísta, vai ao Namibe com meios militares para se exibir. Ganhamos o quê? Dizemos egoísta exactamente porque só ele se beneficiou com tudo isso e se beneficia no ISTM.

 

Se fosse num país sério e se o director tivesse o mínimo de consciência, já deveria se demitir, mas se se demitir vai perder as mordomias e muitos negócios dele vão parar, porque o Sr. Director pode ate ter diploma, mas não é inteligente, é um aproveitador da situação para aparecer, se enriquecer e pior, arruinar uma instituição que se criou com a finalidade de formar oficiais engenheiros e médicos.

 

Muitas vezes o Director Vilinga nos disse na parada que não há mau soldado, mas sim um mau chefe. O chefe acha-se bom chefe? Nós achamos o chefe um mau chefe, o chefe não sabe as nossas dificuldades. “Se cada sociedade merece o governo que tem”, segundo Maquiavel, nós não merecemos ter um Director como o senhor. Faça-nos um favor: DEIXE O ISTM, porque nós estamos a morrer, estamos todos de certa forma infectados com uma das doensas que circulam no ISTM.

 

Já que se gaba da protecção do Chefe do Estado Maior General, apelamos agora ao Sr. Ministro da Defesa, General João Lourenço: venha acudir-nos, venha tirar este Sr. que está a se aproveitar do ISTM para se exibir e dar cabo daquilo que deveria ser para o benefefício do País.

 

Somos um grupo de cadetes preocupados com a situação do ISTM, optamos pelo CLUB K porque é a única forma que encontramos para vermos a situação do ISTM resolvida. Sabemos que não é a forma correcta, mas nós nas reuniões apresentamos todas as nossas preocupações, falamos com os comandantes de seção, de pelotão, de companhia, batalhão, de corpos de cadetes, com os chefes de departamentos, até com o director de ensino. Todos esses são colaboradores do Director, mas ele não resolve. Vimos no CLUB K uma escapatória para o nosso desabafo.

 

Não nos vamos calar, enquanto não tirarem o Sr. Tenente General Jaime Manuel Pombo Vilinga do cargo de Director do ISTM. Vamos continuar a escrever, denunciando as irregularidades nesta instituição. É a única arma que temos: escrever e o meio que encontramos e que sabemos que vai dar certo é o CLUB K, ao qual agradecemos, desde já, à publicação dos nossos textos, sem nos cobrar qualquer tostão.