O nosso texto gerou tontura aos nossos adversários, ficaram sem argumentos substantivos, pois, não conseguem apresentar ideias originais que vincam, vociferam e patologueiam sem lhes ser dada a mínima importância. Alguns apresentam-se como escritores do jambismo, opositores civis e políticos decadentes.

Faz lembrar o boato, a calúnia para criar medo, desconfiança e desacreditar o projecto de transição, coisa derrotada nas urnas. Previlogo o que estava em jogo.

Reflecti sobre o Eduardismo, como sendo razoável a existência de um respeito, carinho, consideração ou estima ao Presidente José Eduardo dos Santos (adiante designado JES) como resultado do nosso processo histórico. No início, o Estado como instituição confunde-se com o seu representante, seu fundador ou seus líderes mais marcantes, é próprio da evolução do pensamento político universal, divergindo aquiou ali por razões socioculturais.

Os Estados medievais confl ituavam com o papado, até que no renascimento com a escola de Florença e depois Maquiavel criou a teoria do Estado real, ao serviço da segurança do Príncipe com a criação de uma máquina administrativa, exército e secretários ou Ministros que o servissem para o bem do principado.

Esta corrente vai encontrar defensores absolutistas como Hobbes (Leviatan), que vão defender um absolutismo resultante do maniqueísmo agostiniano que na sua «Civita Dei», vai defender a subordinação do poder temporal ao espiritual por ser resultado da Lei e da ordem e aquele poder (temporal), resultado da herança do Edém ou pecado original. S. Agostinho é contestado por S. Tomás de Aquino, por este defender a autonomia do poder temporal ao poder espiritual, pois segundo o aquinianismo, as «coisas de Deus são de Deus e dos homens para os homens». Mas o absolutismo ou liberalismo, seja na Grécia de Sólon, na Roma, no Egipto dependia da conjuntura e do carácter dos governantes, generais, reis ou faraós.

Os sábios ou pensadores procuram interpretar os fenómenos atendendo o constatado, sem perderem de vista a História dos outros povos. Aconteceu com Heródoto, Platão e Aristóteles, estiveram no Egipto e até mesmo na Etiópia e Sudão, para compreenderem as culturas de outros povos.

Os romanos diferenciavam-se dos Gregos, pela sacralização do poder do imperador e dos senadores que se digladiavam para chegar ao poder no topo do império. Platão defendia a sofi ocracia, evitando equívocos políticos ou evitando que pessoas que comungassem valores atrofi ados chegassem ao poder, defendia o governo dos sábios. Aristóteles defendia a aristocracia que degenerava em oligarquia, monarquia que degenerava em tirania e democracia que degenerava em demagogia ou agradar a opinião de uma multidão enfurecida e sequiosa de poder ou de sangue.

A Política não é mera poesia ou literatura ou jornalismo, implica valores resultados dos interesses a proteger, sejam fi losóficos, económicos, culturais ou políticos. A política exige prudência, bom senso, adaptação aos tempos, não é estática, pois, depende dos homens e não de embrutecidos ou bestas. É civilização, por ser próprio das sociedades atendendo o seu estádio de desenvolvimento.

Eduardismo é gradualismo, evitando-se medidas abruptas que desagregam valores como coesão, estabilidade ou segurança. Eduardismo é aliarse aos melhores e aqueles que respeitam os nossos valores, é defender valores axiológicos quando está em causa a dignidade humana, como aconteceu com o combate ao Apartheid, dando origem à independência da Namíbia, libertação de Mandela e garantir uma estabilidade na região da SADC, com um ANC, SWAPO e MPLA, fortes e coesos, por serem os únicas instituições políticas que ultrapassam os seus criadores.

Eduardismo é combater o tribalismo, racismo, xenofobia, dando oportunidade aos angolanos e migrantes destacados amigos de Angola, a possibilidade de criarmos uma nação que se orgulhe pela cidadania e não pela origem regional ou racial. É criarmos um novo homem, com trabalho, disciplina, dedicação, perseverança e transição tranquila.

A revolução já foi em 1975, agora é consolidar as instituições do Estado, exigindo-se uma liderança, visionária, forte, capaz e com provas dadas, e não maus aprendizes de política. Sobre as críticas que nos foram dirigidas, agradecemos, mas sobre a matéria, importa reter o seguinte:

1º Todas as críticas foram de base pitoresca e sem fundamentação teorética, geral ou especial.

2º Todas as críticas vieram de quadrantes políticos e intelectuais frustrados e desacreditados pelo eleitorado angolano.

3º As críticas são subjectivas, limitando-se ao superficial e sobre questões colaterais do meu texto, mormente as expressões: «inveja e deixem lá mazé man Dú».

Eduardoismo, não se confunde com Jambismo, pelas seguintes razões:

1º O projecto de JES é consolidar o Estado no plano interno e externo sem submissões.

2º O Jambismo que pretendem ressuscitar é de má memória, é divionista, tribal, rural ou provinciano – está fora de moda.

3º JES não precisa de ser adulado ou servido com irracionalidade, pois as suas qualidades são sobejamente conhecidas, conquistadas com respeito quer no oriente ou no ocidente, pois a guerra acabou, foi com JES, a democracia é com JES, o desenvolvimento e o constitucionalismo são resultados da visão estratégica ou liderança de JES.

4º O jambismo não passou de uma aventura guerreira de maninhos perdidos nos bosques durante décadas e que deslumbram com as luzes da cidade pensando no bosque ou terra livre, onde a única liberdade era falar do mwata da guerra, a única poesia era o mwangai, apoiado pelo Apartheid, como galo de Barcelos pintado e contra o Pan-africanismo…

Caros leitores, amigos, camaradas e adversários: mais franco não podia ser, pois a expressão bajulação que os órfãos do jambismo me atribuem é resultado de uma ilusão intelectual, é uma ficção.

Bajular alguém é mostrar virtudes, qualidades que não tem, é exaltar qualidades quando não existem, a im de atingir um objectivo. Não é a minha condição, pois fui Director Nacional durante três anos. Quando achei oportuno, coloquei o meu lugar à disposição do então Ministro da Cultura. Pertenço aos quadros fundadores de uma universidade privada, dei aulas em Lisboa, onde fui como emigrante e estudante sem bolsa, regressei há seis anos, sou Deputado do MPLA, Partido do qual toda minha família tem relações e eu «genéticas », pois meu saudoso Pai foi Professor da primeira geração da Escola Nacional do Partido, desde 1976.

Parece-me que os meus detractores confundem-se, não me conhecem, pois nunca me sentei numa mesa, em Lisboa, Madrid, Geneve, Nova York, Berlim, Paris ou Luanda para conspirar juntamente com gente que apregoava o terror, escritor-mor do jambismo, destruição do património. Como ensinou Maquiavel: «o órfão esquece-se do pai morto, mas não se esquece do património que lhe foi usurpado».

É preciso esclarecer mais uma coisa. Em toda a minha relação com pessoas adversas às minhas ideias, respeito-as quando são dignas de tal. Mas ridicularizo a palhaçada, pois aqui não há teatro, há realidade.

Espero que leiam com muita atenção os meus textos, evitem baralhar pessoas, caluniar, difamar, injuriar, pois manifestam menoridade intelectual.

O que eu penso não imponho, mas mostro por argumentos históricos, filosóficos, políticos e lógica para chegar ao verosímil. Mas não como verdade absoluta, e não por leitura precipitada do exterior ou da frustração. O ódio perturba o raciocínio, manifestando perturbação de espírito ou falta de equilíbrio ou razão.

Quanto à corrupção, esta chaga há-de ser debelada, como foi debelada a guerra. Mas precisamos das elites nacionais, assim como nos Partidos Políticos ditos da oposição há parentes ou afi ns dos dirigentes, que se tivessem no poder não sei o que fariam… E ao Escritor, da Jamba e do terrorismo patriótico, aconselho a regressar para ler e escrever bem sem equívocos culturais. Em África, é comum acreditar-se no boato ou ouvir dizer, é herança do jambismo o boato, a mentira repetida para tornar-se grande verdade.

Percebi muito bem o intuito do debate. Tem objectivos de desgastar, desacreditar o regime; eis a razão de terem ressuscitado para defenderem os ideais enterrados, uns como escritores e jornalistas no exterior. Pensem com as vossas cabeças.

Pense em virtudes, terás virtudes. Quem não espera nunca será esperado, quem não deseja nunca será desejado. Deixem lá Man Dú dirigir, n´guvular e esperem pela vossa vez…

Os democratas respeitam as convicções dos outros, as minorias devem respeitar a maioria; pois governa quem tem maioria…Não se tolera provocações, mentiras, intrigas para desacreditar figuras majestosas, para exaltar ideais ambíguos, obscuros e retrógrados. O debate deve ser de ideias, boa fé e não o mero ataque jambista ou apologia ao terrorismo patriótico, herança ou evangelho do jambismo que evoca pontes, escolas, hospitais, aeroportos, vidas destruídas. Equivocado estais, que bem vos conhecemos…

Os autores sustentam as ideias, são referências para consultas, mas não vinculam os leitores. Podem infl uenciar, aclarar os espíritos sobre a matéria em análise. Penso ao jambismo que leiam autores clássicos, modernos e contemporâneos, nomeadamente:
DAVIDSON, BASIL, o Fardo do Homem Negro, Campo das Letras, Lisboa, 2000.

BOBBIO, NORBERTO e VIROLI, M, Direitos e Deveres na República,
Campus, S.Paulo, 2007.

FERRO, MARC, Falsifi cações da História, Fórum da História,Publicações Europa-América, Mem Martins, 1994.
HEINTZE, BEATRIX, Pioneiros Africanos, Editorial Nzila, Luanda, 2004.
MORROW, JOHN, História do Pensamento Político Ocidental, Publicações uropa-América, Mem Martins, 2007.
THATCHER, MARGARET, A Arte de Bem Governar – Estratégia para um Mundo em Mudança, Quetzal, Editores, Lisboa, 2002.
WEBER, MAX, Ciência e Política duas Vocações, Cultrix, S. Paulo, 2008.

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* Jurista e Deputado
Fonte: Semanario Angolense